Na manhã desta quinta-feira (21), 150 famílias reocuparam a fazenda Mata Verde, no município de Guaratinga, no extremo sul baiano. Organizadas no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), elas tinham sido despejadas dessa mesma área pela Polícia Militar com ordem judicial exatamente uma semana antes, no último dia 14.
Durante esses sete dias, as famílias viveram em barracos de lona improvisados, sob chuva, na beira da estrada do Córrego do Ouro, a cerca de cinco quilômetros da fazenda.
O Brasil de Fato chegou a fazer contato a prefeitura de Guaratinga, sob gestão de Marlene Dantas Martins (DEM), perguntando se tomaria alguma providência em relação aos desabrigados, mas a administração municipal respondeu ao jornal com o mesmo silêncio que dirigiu às famílias. Elas resolveram, então, retomar o terreno, batizado de Acampamento Cláudia Sena.
Desde que ocuparam a área em 2 de abril deste ano, no âmbito das jornadas nacionais do MST, o “abril vermelho”, os sem terra de Guaratinga já foram removidos da área duas vezes. E três vezes retornaram. Segundo Eliane Oliveira, da direção estadual do MST na Bahia, a fazenda de 2.160 hectares não cumpria a sua função social.
Função social
Oliveira diz que as famílias "não tinham e não tem para onde ir, vivendo um momento de insegurança alimentar, sem condições de pagar um aluguel, saem condições dignas de permanecerem onde estão".
"Por isso nessa madrugada (21), elas retornaram ao acampamento com o objetivo de ter um teto para abrigar seus filhos."
"Entendemos que poderá haver um novo despejo mas as famílias permanecem firmes, dizendo que a terra precisa ter uma ação social
e essa fazenda não cumpre função social. Por isso as famílias voltaram: para produzir seu alimento e ter um lugar onde viver", finaliza a dirigente.
Por terem iniciado a ocupação já durante a pandemia de covid-19, as famílias não foram contempladas pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu as remoções forçadas no Brasil até 31 de outubro.
Edição: Rodrigo Durão Coelho