Mais uma vez o leilão do Edifício "A Noite" na Praça Mauá, na zona Portuária do Rio de Janeiro, local onde funcionou a Rádio Nacional, terminou sem propostas. Na última quinta-feira (14), o pregão virtual do Ministério da Economia encerrou o processo quatro minutos após o horário de abertura, por não haver interessados no negócio.
No site do governo federal, a Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União (SPU) informou que uma nova estratégia para a alienação do imóvel será definida nos próximos dias.
“A venda do imóvel, como já declarado, tem o objetivo de buscar a eficiência na gestão dos ativos da União, gerando investimento e contribuindo para o desenvolvimento da região portuária da cidade do Rio de Janeiro”, destaca a nota.
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Ao portal G1, o presidente do Sindicato Indústria da Construção Civil no Rio de Janeiro, Carlos Hermolin, destacou que a falta de interesse já era prevista, uma vez que o valor do imóvel é muito alto e o vencedor da leilão teria que arcar com reformas, adaptações e requalificação do prédio, que também seriam muito elevadas.
O imóvel conta com uma área construída de 29.377 metros quadrados e o lance inicial era de R$ 38,5 milhões. Em abril do ano passado, o pregão eletrônico pelo prédio começou pela avaliação de R$ 98 milhões, mas também não houve interessados.
A história do “A Noite”
O edifício foi inaugurado em 7 de setembro de 1929. Segundo o parecer do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (IPHAN), o prédio é emblemático tanto pelo aspecto estrutural e arquitetônico, quanto por seu significado cultural.
O projeto do prédio foi desenvolvido pelo arquiteto Joseph Gire em parceria com Elisiário da Cunha Bahiana. A assinatura de Gire pode ser vista em outras edificações na paisagem carioca, como o Palácio das Laranjeiras, o Hotel Glória e o Copacabana Palace Hotel.
Em 1940, o governo de Getúlio Vargas, via decreto, encampou o grupo “A Noite”, a Rádio Nacional e o arranha-céu por conta de dívidas da empresa. Desde então, a emissora se tornou um fenômeno no Brasil com um potencial educativo e cultural que marcou a chamada “Era de Ouro do Rádio”.
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) ocupou o edifício até 2012. Em 2013, o imóvel foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (IPHAN). Na época em que o edifício foi tombado, a intenção da gestão da EBC era criar o Museu da Rádio Nacional no prédio.
Edição: Jaqueline Deister