Nós, que defendemos a solidariedade, a empatia e a paz, vamos denunciar a violência
Quando falamos que estamos no limiar entre a barbárie e a civilização, não é força da retórica. Existe no Brasil uma autorização não escrita à violência, um incentivo que vem da mais alta autoridade da República ao comportamento agressivo, desrespeitoso e humilhante contra os mais frágeis, os adversários, os que não pensam igual. É a ideia da supremacia individual levada às últimas consequências.
Episódios violentos tem se intensificado nos últimos tempos; uma violência que aparece nos mais diversos campos e que nessa semana se materializou no assassinato de um partidário do presidente Lula na sua própria festa de aniversário e também no estupro de uma mulher sedada para dar à luz, dentro da sala de parto, com a equipe de saúde separada apenas por uma cortina de pano.
:: Usar "troca de tiros" em manchete sobre assassinato em Foz do Iguaçu é "má-fé", diz jurista ::
Ao contrário do que diz parte da imprensa, não é o país polarizado que faz a violência aparecer. A polarização política se dá em torno das ideias, a violência acontece de um único lado. Todos os episódios partem dos apoiadores de Bolsonaro que em uma das suas últimas lives insuflou sua horda dizendo “vocês sabem o que tem de fazer até a eleição”. E como sabem? Sabem porque são seus seguidores e ao longo de todo o tempo em que está na presidência, Bolsonaro usa retórica belicista, incentiva o uso das armas de fogo, destrata jornalistas mulheres e adversários, incentiva o que há de pior nas pessoas.
Os dois atos nos causam asco e devem ser repudiados por todos os que ainda tem fé na humanidade e compromisso com um país melhor para o povo. É impossível construir uma vida melhor e ao mesmo tempo conviver com a barbárie, porque é disso que se trata. E para superar esse momento trágico precisamos tirar da presidência da República alguém que dá tão mau exemplo e péssimos conselhos.
:: Mulheres do MTST exigem cassação de anestesista estuprador em frente a conselhos de medicina ::
Em maio desse ano, Bolsonaro declarou que “a arma de fogo, além de segurança para as famílias, é segurança para a nossa soberania nacional e garantir que a nossa democracia será preservada. Não interessa os meios que um dia porventura teremos que usar”. O que essa frase significa, senão o incentivo aos ataques? Junte com a frase “vocês sabem o que precisam fazer até a eleição” e está montando o coquetel explosivo que nos ameaça;
Atrás nas intenções de voto, Bolsonaro quer transformar as eleições numa guerra, como bem disse o ex-presidente Lula. Somente nessa pré-campanha eleitoral seguidores de Bolsonaro já cometeram atos de terrorismo em Uberlândia e no Rio de Janeiro. Em São Paulo, um deles invadiu a sala do hotel onde Lula se reunia com seus aliados.
:: Violência política dá o tom dos discursos em passagem de Lula por Brasília ::
Nós, que defendemos a solidariedade, a empatia e a paz, vamos denunciar a violência, seja de que tipo for. E precisamos arregimentar a maioria da população para garantir eleições tranquilas e democráticas, não nos interessa o caos.
Por outro lado, precisamos cobrar das instituições esse mesmo compromisso e a mais severa punição dos responsáveis.
Edição: Glauco Faria