guerra da Ucrânia

EUA pedem que China se distancie da Rússia

Em reunião com colega chinês, secretário de Estado americano pede que Pequim abandone neutralidade em relação a Moscou

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O secretário do Estado de EUA, Antony Blinken, sugeriu neste sábado (09/07) a seu colega chinês, Wang Yi, que Pequim abandone sua posição neutra e pressione Moscou a dar um fim à guerra na Ucrânia, ante a falta de "sinais" de que Moscou queira uma saída diplomática para o conflito.

"Seguimos preocupados pelo alinhamento da China com a Rússia", disse Blinken em entrevista coletiva no hotel Ritz Carlton de Nusa Dua, no leste da ilha de Bali, na Indonésia, após uma reunião de cinco horas com Wang.

Este foi o primeiro encontro presencial entre representantes dos dois países desde outubro. A conversa ocorreu depois que ambos participaram nos dois dias anteriores em uma cúpula de ministros do Exterior do G20, o grupo das principais economias industrializadas e emergentes.

"Apesar das complexidades de nosso relacionamento, posso dizer com alguma confiança que nossas delegações acharam as discussões de hoje úteis, sinceras e construtivas", disse Blinken.

As conversas entre Washington e Pequim se concentram principalmente em prevenir que a competição entre as duas maiores potências econômicas do mundo se transforme em um conflito aberto. Blinken prometeu que Washington manterá um canal aberto de comunicação diplomática com Pequim. "Os dois lados, com base na reciprocidade e benefício mútuo, chegaram a um consenso para promover a consulta do grupo de trabalho conjunto sino-americano para alcançar mais resultados", disse o Ministério do Exterior chinês após a reunião.

Blinken disse que as discussões entre os dois países abordaram também o alívio das tensões bilaterais, a posição de Pequim sobre Taiwan e direitos humanos.

Dissonância sobre a Rússia

As conversas entre os dois se seguiram a uma reunião do G20 onde Blinken liderou os esforços para pressionar a Rússia sobre sua guerra na Ucrânia.

Blinken disse que a Rússia saiu do encontro de ministros do Exterior do G20, organizado pela Indonésia, sentindo-se isolada e sozinha, já que a maioria dos participantes expressou oposição à guerra na Ucrânia.

Ele observou que seu colega russo, Serguei Lavrov, deixou, por conta disso, os debates mais cedo do que o previsto.

Pouco antes de a Rússia invadir a Ucrânia em 24 de fevereiro, Pequim e Moscou anunciaram o que chamaram de uma parceria "sem limites".

Se, por um lado, autoridades dos EUA dizem que não veem a China tentando contornar as sanções à Rússia lançadas pelo Ocidente ou fornecer equipamentos militares a Moscou, por outro lado Pequim também se recusou a condenar as ações da Rússia, por exemplo, na ONU. A China também criticou repetidamente as sanções ocidentais.

O nível de tensões continua alto entre os EUA e a China, especialmente na questão de Taiwan, a democracia autogovernada que a China considera parte de seu território. Embora Washington tenha repetidamente manifestado preocupações sobre o aumento da pressão de Pequim sobre Taipei, a China se refere ao problema como seu "assunto interno".

md (EFE, Reuters, AP, AFP)