A região Nordeste é responsável por quase 50% dos empreendimentos rurais no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas foi só neste ano que foi realizado um evento para apresentar a diversidade da agricultura familiar da região. Trata-se da Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Fenafes), que teve a sua primeira edição entre os dias 15 e 19 de junho no Centro de Convenções de Natal, no Rio Grande do Norte.
Numa época em que tanto se fala sobre os riscos dos agrotóxicos e desmatamento, a feira é um espaço estratégico para a reafirmação da identidade cultural do Nordeste, saberes e sabores que marcam e caracterizam o povo nordestino e também um espaço de resistência às agressões ao meio ambiente.
"A Feira da Agricultura Familiar reafirma a importância econômica, social e ambiental da agricultura familiar. A feira demonstra toda força e pujança econômica desse segmento social que é responsável pela produção de alimentos saudáveis e que dá uma grande contribuição para que o alimento chegue à mesa de todos os potiguares e todos os nordestinos. São mais de 200 toneladas de produtos da agricultura familiar, mais de 245 empreendimentos, 90 cooperativas reunidas em Natal, celebrando a feira como a grande festa da colheita, o ponto de encontro da agricultura familiar do Nordeste transformando a capital dos potiguares na capital da agricultura familiar nordestina", destaca Alexandre Lima, coordenador da Fenafes.
O órgão responsável por desenvolver e incentivar atividades culturais como a feira no Rio Grande do Norte é a Fundação José Augusto, que trata a feira como importante possibilidade de enxergar a dimensão da agricultura familiar.
"É fundamental a gente compreender o papel da agricultura familiar, porque você tem um país que é um dos maiores produtores rurais do mundo, exporta pra alimentar 1 bilhão de pessoas no mundo, mas 33 milhões de brasileiros passam fome e onde é que vai ter a maior parte dos alimentos que chega na mesa do povo brasileiro? É na agricultura familiar", aponta Crispiniano Neto, diretor da Fundação José Augusto, que acredita que os trabalhadores e trabalhadoras do campo são de extrema importância para a cultura.
"É preciso ver esse homem e essa mulher do campo integralmente, corpo e mente; e a mente é a cultura. É por aí que entra sensibilidade para ele se abrir também para a tecnologia, para as novas técnicas, para uma agricultura que respeite a natureza, mas que também tenha a modernidade e a eficiência econômica", conclui.
O evento reuniu representantes de movimentos populares, centros de estudos e pesquisa, gestores públicos e organizações de financiamento internacionais para debates que discutiram principalmente o acesso à terra, agroecologia, acesso aos mercados e cooperativismo e protagonismo feminino. Uma das expositoras foi a artesã Maria do Rosário, que aproveitou a feira para expor suas produções.
"Essa feira é uma oportunidade muito grande de todas as mulheres que fazem parte dos grupos da economia solidária poder mostrar um pouco do seu trabalho. O trabalho não só no artesanato, mas também na parte da gastronomia que são doces, biscoito, tudo isso são produtos feitos manualmente e produtos caseiros da nossa região, da nossa gastronomia que é um fator muito importante para nossa economia", afirmou.
Na grande festa da colheita, cerca de 12 mil pessoas foram ver o que o Nordeste está produzindo e contou com a presença do ex-presidente e pré-candidato ao cargo Luís Inácio Lula da Silva (PT), que conversou com os expositores na abertura. Além da visibilidade, a feira possibilitou reflexões e acordos para fortalecer a vida das famílias agricultoras através de políticas públicas e troca de conhecimentos.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Elen Carvalho