Eleições 2022

Lula tem cenário similar ao da vitória de 2002 nos três principais colégios eleitorais do país

Pesquisas da semana mostram que ex-presidente pode vencer com boa margem nos estados que concentram 40% dos eleitores

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O ano de 2002, em que Lula venceu sua primeira eleição, foi o último em que um presidenciável petista saiu vitorioso em São Paulo - Ricardo Stuckert

As pesquisas do Instituto Datafolha divulgadas nesta semana com o cenário da disputa presidencial nos três principais colégios eleitorais do país — São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro — mostram que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem um percentual de votos no primeiro turno que só se equipara àquele obtido nas eleições de 2002, quando o petista conquistou sua primeira vitória na quarta tentativa de chegar ao Planalto.

Naquela ocasião, Lula alcançou seu melhor resultado, levando-se em conta os três estados mais populosos do país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Em Minas Gerais, o petista chegou a 53,01% dos votos no primeiro turno. Em São Paulo, teve 46,11%, superando o paulista José Serra (PSDB), que teve 28,52%. No Rio de Janeiro, Lula teve 40,17%, ficando em segundo lugar, pouco atrás do ex-governador Anthony Garotinho (PSB), com 42,18%.

Agora, de acordo com o levantamento do Datafolha nos três estados, Lula tem 48% em Minas Gerais, 43% em São Paulo e 41% no Rio de Janeiro. Um quadro bem distinto do apresentado em 2018, quando Fernando Haddad, pelo PT, foi derrotado pelo atual presidente Jair Bolsonaro, então no PSL, nos três estados no turno inicial e também no final.

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre os 155.766.039 eleitores aptos a votar no Brasil, os três estados concentram aproximadamente 40,94% do eleitorado.

São Paulo pode deixar de ser o calcanhar de Aquiles

Até hoje o PT nunca governou o estado de São Paulo, que desde a redemocratização só elegeu governadores do então PMDB e, desde 1994, do PSDB. O partido também não havia tido um candidato ao governo do estado que liderasse as pesquisas a pouco mais de três meses da eleição como ocorre hoje com Fernando Haddad, que aparece no Datafolha com 34% em um cenário sem Márcio França.

E São Paulo também tem sido historicamente pouco generoso para candidatos do PT à Presidência da República. Em sua primeira eleição presidencial, disputada em 1989, Lula obteve 17,46%, ficando em quarto lugar no estado, atrás de Fernando Collor (PRN), com 24,39%; Paulo Maluf (PDS), que teve 23,5%, e Mário Covas (PSDB), 22,72%. Em 1994, alcançou 27,01% e, em 1998, 28,84%, sendo derrotado por outro político que tinha o estado como base eleitoral, Fernando Henrique Cardoso.

Nas eleições de 2002, o primeiro triunfo de Lula e do PT em uma disputa pelo Planalto, o ex-presidente conseguiu a única vitória do partido em São Paulo em um primeiro turno. Alcançou 46,11% em um pleito que foi marcado também pela única vez em que os petistas chegaram a uma segunda volta no embate pelo governo do estado com José Genoino, derrotado por Geraldo Alckmin. 

O ano de 2002 foi o último em que um presidenciável petista venceu em São Paulo e também a última oportunidade em que um candidato da legenda superou os 40% no turno inicial. Nas eleições de 2006, quando concorria à reeleição, Lula teve 36,77% dos votos no primeiro turno, contra 54,2% de Geraldo Alckmin, então no PSDB. Já em 2010, Dilma Rousseff teve 37,31% contra 40,66% de José Serra (PSDB). 

Em sua campanha para a reeleição, Dilma teve 25,82%, pouco à frente de Marina Silva, então no PSB, que obteve 25,09%, e bem distante dos 44,22% de Aécio Neves (PSDB). Nas eleições de 2018, Jair Bolsonaro, à época no PSL, conquistou 53%, com Fernando Haddad (PT), obtendo somente 16,42%, a mais baixa votação de um candidato do partido no estado.

Arrefecido o antipetismo que atingiu seu auge em 2018 e com uma vantagem larga e consolidada na região Nordeste, a segunda maior do país em termos eleitorais, os números dos três estados sudestinos podem garantir um feito também inédito para um presidenciável do PT: uma vitória já no primeiro turno.

Edição: Daniel Lamir