Os projetos comunitários de educação têm como objetivo, além de ensinar, incentivar a superação de desigualdades e despertar a consciência social. Mas como andam essas iniciativas no Rio de Janeiro com o impacto da pandemia e os retrocessos dos governos estadual e federal?
Na comunidade Nova Divinéia, no bairro do Grajaú, na zona Norte do Rio de Janeiro surgiu, em 2018, a partir da iniciativa de um morador, uma professora voluntária e do apoio da associação de moradores do local, o “Projeto Educacional Dr. Rubinho da Divinéia” para dar aulas de nível fundamental e alfabetização para idosos. Porém, desde o início da pandemia de covid-19, em 2020, o projeto está parado por uma questão de preservação da saúde dos alunos.
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O Dr. Rubinho da Divinéia é o criador da proposta e explica para o programa Central do Brasil, uma parceria da rede TVT com o Brasil de Fato, que para os alunos, as aulas são uma oportunidade de crescer.
“Encontrei com um aluno nosso e ele me perguntou quando voltariam as aulas. Ele disse que no período de um ano e pouco que ele frequentou aprendeu a fazer o nome, a ler, o que para ele foi um grande salto. Então, eu vi nele o impacto positivo que o projeto está fazendo e também a falta que faz a não realização do projeto”, conta Rubinho.
Apesar das dificuldades, Dr. Rubinho tem planos para que o projeto cresça. “Quero conseguir professores voluntários de nível universitário para que a gente possa evoluir de apenas ofertar ensino fundamental para médio e pré-vestibular”, diz.
Déficit Educacional
Maria Teresa Avance é coordenadora do Comitê Rio, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e explica que a pandemia causou atrasos na educação de muitas crianças e jovens e que, segundo ela, a maneira que o poder público lidou com a educação nos últimos anos só agravou a situação.
“Aqui no Rio de Janeiro, quando começou o ensino online, os alunos não conseguiam acessar as plataformas. Por exemplo, a questão da alfabetização, as crianças não têm como se alfabetizar online com esta realidade, então muitas iniciativas comunitárias têm sido no sentido de reforço para as crianças que não conseguiram acompanhar”, diz Avance.
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Maria Teresa atenta também para o fato de que o aumento da miséria e da fome no Rio atrapalha o desenvolvimento da educação.
“A gente hoje tem 10 milhões de pessoas, ou seja, 60% da população do estado que enfrentam algum tipo de insegurança alimentar. O jovem se não está indo para a escola é porque está correndo atrás de sustento. Então, nós estamos fazendo parcerias com muitas entidades que tentam cobrir um buraco que é do estado”, explica a coordenadora.
Só neste ano de 2022, o governo federal determinou um corte de R$ 3,23 bilhões do orçamento do Ministério da Educação (MEC), o que afeta diversos projetos educacionais.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Jaqueline Deister