Vitória da esquerda

Chapa Gustavo Petro-Francia Marquez é eleita para presidência da Colômbia

Vantagem foi de quase 800 mil votos, com participação de 58% do eleitorado, segundo resultados preliminares

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Petro e Francia aumentaram votação em 2 milhões de votos em comparação com o 1º turno, realizado em maio. - Juan Barreto / AFP

Na Colômbia, os resultados preliminares apontam a vitória da chapa de centro-esquerda Pacto Histórico no 2º turno das eleições presidenciais deste domingo (19).  Com 99% da apuração, Gustavo Petro e Francia obtiveram 50% da preferência, equivalente a 11,2 milhões de votos contra 47% de Rodolfo Hernández e Marelen Castillo, da chapa de direita Liga Anticorrupção. O segundo turno superou a participação da primeira ronda com cerca de 58% de comparecimento.

"Hoje é um dia de festa para o povo. Que festeja a primeira vitória popular. Que tantos sofrimentos se amorteçam na alegria que hoje inunda o coração da Pátria", disse Petro logo após a divulgação dos resultados.



A vice, Francia Márquez, primeira mulher negra a ocupar o cargo, publicou "isto é pelos avôs e avós, mulheres, jovens, pessoas LGBTQI+, indígenas, camponeses, trabalhadores, vítimas, meu povo negro, que resistiram e também aqueles que já não estão. Por toda Colômbia! Hoje começamos a escrever uma nova história". 
 

"Respeito o resultado. Espero que essa decisão seja a melhor para todos. Desejo que Gustavo Petro saiba dirigir o país e seja fiel ao seu discurso de combate à corrupção", disse Hernández.


Esta é a maior votação dos últimos oito anos na Colômbia. No primeiro turno, realizado no dia 29 de maio, cerca de 54% do eleitorado compareceu às urnas. O Pacto Histórico venceu com cerca de 8,5 milhões de votos, enquanto a Liga de Governantes Anticorrupção obteve 5,9 milhões de votos.

"Petro significa uma vitória simbólica dos Acordos de Paz. Não só a direita deve reconhecer os resultados, assim como a maioria da sociedade, porque houve esforços de distintos setores, assim como o acompanhamento internacional que garantiu um processo transparente", analisa o cientista político colombiano, Andrés Aponte.

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O atual presidente, Iván Duque (Centro Democrático) também se pronunciou, dizendo que telefonou para Petro para felicitá-lo. "Acordamos uma reunião para os próximos dias para iniciar uma transição harmônica, institucional e transparente", disse. A posse está prevista para o dia 7 de agosto.
 

"Novamente concluímos a pré-contagem em menos de uma hora após o fechamento das urnas. O êxito é da democracia", disse o chefe do Registro Civil Nacional, Alexander Vega Rocha

O resultado oficial no entanto, será oferecido durante a semana, após nova contagem iniciada na próxima terça-feira (21).

Segundo o poder eleitoral, 60 locais de votação foram alterados por questões climáticas. A Missão de Observação Eleitoral (MOE) reportou no seu segundo boletim um total de 310 denúncias de irregularidades, sendo 32 na região da capital, Bogotá.

Também é a primeira vez na historia que uma chapa do campo progressista ocupará a presidência e terá a maior bancada no Congresso. Nas eleições de março, o Pacto elegeu 20 senadores e 27 deputados. "A vitória representa a chegada de uma alternativa. Uma amálgama de distintas correntes progressistas que propõem outro projeto econômico e social, distinto do que estava vigente com bipartidarismo durante 100 anos na Colômbia", analisa Aponte.

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O Pacto Histórico propõe a implementação integral dos Acordos de Paz; a realização da reforma agrária, com distribuição de terras para pequenos agricultores, substituição de cultivos ilícitos; reforma da polícia e demais forças de segurança, acabando com a obrigatoriedade do serviço militar, e implementando conselhos regionais de segurança; reforma tributária para aumentar os impostos aos mais ricos e gerar fundos para financiar projetos de gratuidade no ensino superior. 

Edição: Arturo Hartmann