O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou nesta quarta-feira (15/06) estar "extremamente preocupado" com o desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips na Amazônia. Essa foi a primeira vez que o líder britânico se pronunciou sobre o caso.
Phillips desapareceu no dia 5 de junho quando se deslocava junto com o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira na região do Vale do Javari, no Amazonas.
"Como todos nesta Câmara [dos Comuns, em Londres], estamos extremamente preocupados com o que pode ter acontecido com ele. O Ministério do Exterior trabalha atualmente em estreita colaboração com as autoridades brasileiras", afirmou Johnson aos parlamentares. "O que dissemos aos brasileiros é que estamos prontos para fornecer todo o apoio que eles possam precisar", complementou.
Johnson foi cobrado pela ex-primeira-ministra, Theresa May, que, segundo informações do jornal The Guardian, para o qual Dom Phillips atuava como corresponde no Brasil, sugeriu que o líder britânico faça do caso uma "prioridade diplomática".
May abordou o assunto em meio a uma série de perguntas ao primeiro-ministro. E citou ter se correspondido com a sobrinha de Phillips, Dominique Davis. Johnson respondeu dizendo que o Reino Unido ofereceu apoio nas buscas não somente ao jornalista britânico, como também ao indigenista brasileiro e parceiro de viagem de Phillips, Bruno Pereira.
A ex-primeira-ministra e atual parlamentar britânica pediu ainda que o governo do país "faça tudo o que puder para ter certeza de que as autoridades brasileiras coloquem os recursos necessários para descobrir a verdade sobre o que aconteceu com Dom e Bruno".
Segundo suspeito é preso pela PF
Na noite desta terça-feira, a Polícia Federal (PF) anunciou que prendeu mais um suspeito de estar envolvido no desaparecimento do jornalista britânico e do indigenista brasileiro. Ele foi identificado como Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como "Dos Santos", de 41 anos.
Oliveira é irmão do pescador Amarildo da Costa Pereira, o "Pelado", outro suspeito de envolvimento no caso. A PF também informou que, após ser interrogado, ele seria encaminhado para uma audiência de custódia em Atalaia do Norte, que era o destino final dos desaparecidos.
O desaparecimento
O jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira foram vistos pela última vez no dia 5 de junho, enquanto viajavam pelo Vale do Javari, região remota do estado do Amazonas e que é palco de conflitos entre invasores e indígenas. Desde então, membros das forças de segurança e voluntários indígenas passaram a vasculhar a área.
De acordo com informações da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), da qual Pereira fazia parte, o indigenista era alvo de constantes ameaças de madeireiros, garimpeiros e pescadores da região.
Na última sexta-feira, a PF informou que equipes de busca chegaram a encontrar material orgânico "aparentemente humano" em uma área próxima ao porto de Atalaia do Norte. O material ainda está sendo periciado. No domingo, a PF também divulgou que foram encontrados objetos pessoais pertencentes aos desaparecidos.
Nesta terça-feira, o embaixador brasileiro no Reino Unido, Fred Arruda, pediu desculpas à família de Dom Phillips após a representação diplomática ter previamente informado de forma incorreta que o corpo do jornalista havia sido encontrado junto com o do indigenista, na Amazônia.