Julgamento

Caso Henry: Jairinho volta a negar agressões a enteado: "nunca encostei em uma criança"

Juíza Elizabeth Machado Louro vai decidir se os réus Monique e Jairinho vão a júri popular por tortura e homicídio

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Audiência que ouviu o médico e ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior sofreu atraso e foi marcada por bate-boca entre advogados e juíza - Brunno Dantas/TJRJ

O ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, conhecido como doutor Jairinho, foi interrogado na última segunda-feira (13) durante uma audiência de instrução do 2º Tribunal do Júri do Rio. Ele e Monique Medeiros, sua ex-companheira, são acusados pela morte do menino Henry Borel, de 4 anos, em março do ano passado. 

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O interrogatório começou com atraso e foi marcado por um bate-boca entre os advogados de defesa e a juíza. O ex-vereador se recusou a responder as perguntas do Ministério Público e do assistente de acusação. No seu depoimento, Jairinho negou ter cometido qualquer agressão a Henry e falou sobre sua vida pessoal.

"Eu, definitivamente, juro por Deus, que nunca encostei em uma criança na minha vida. Meu histórico não permite dizer isso. Sou nascido e criado em Bangu. Meus pais são casados há 50 anos. Minha família é pautada no amor. Sempre procurei fazer o que era certo", afirmou. 

Durante quase oito horas de interrogatório, o réu questionou laudos e negou o homicídio. A pedido da defesa, ele narrou o que aconteceu no dia da morte da criança. Jairinho relatou que faz uso de medicamentos para dormir e que foi acordado por Monique com o filho já desacordado na madrugada do dia 8 de março de 2021. 

"O Henry chegou [no hospital] sem machucado. Caso tivesse, teríamos sido atendidos de outra maneira. É lógico que a polícia ia nos atender, que no mínimo o Conselho Tutelar estaria lá. E não o trâmite se daria como uma morte acidental. Tudo aconteceu como uma morte acidental. Todos os trâmites se deram, desde o apartamento até o velório, como uma morte acidental. Ninguém falou em morte violenta. Isso veio depois", sustentou. 

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Em relação às lesões encontradas no corpo de Henry, ele atribuiu aos procedimentos médicos realizados no hospital. Segundo ele, um exame de pneumotórax comprovaria do menino a sua inocência. 

"Eu peço socorro para os senhores! Tenho certeza que o doutor Leonardo Tauil [médico legista] sabe ler exames exames de raio-x. Uma imagem dessa mostra que ele está colocando na cadeia, por 14 meses, um inocente. Posso lhes assegurar, doutores! Pela vida dos meus filhos! Ele sabe o que ele cometeu é crime!", apelou Jairinho. 

O processo sobre o caso Henry Borel segue para alegações finais. A juíza Elizabeth Machado Louro vai decidir se os réus vão a júri popular. O interrogatório está disponível na íntegra no YouTube.

Relembre o caso

Henry Borel foi morto no dia 8 de março de 2021 no apartamento em que morava com Jairinho e a mãe na Barra da Tijuca, zona Oeste do Rio. Segundo as investigações da Polícia Civil, o ex-vereador e padrasto de Henry agredia o menino com socos e chutes e a mãe sabia. Ambos respondem por tortura e homicídio triplamente qualificado, com agravamento de pena por se tratar de um menor de 14 anos. 

A perícia médica apontou que as 23 lesões encontradas na criança, como laceração do fígado, danos nos rins e hemorragia na cabeça “são condizentes com aquelas produzidas mediante ação violenta”. Monique e Jairinho foram presos um mês após o crime. Ela cumpre prisão domiciliar.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Clívia Mesquita