A partir de alguns princípios como a defesa de uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária, o enfrentamento às políticas neoliberais e à extrema direita, e o incentivo ao trabalho conjunto, têm se espalhado pelo país os Comitês Populares de Luta.
Lançados este ano, eles representam uma experiência inédita no caminho para as eleições de outubro e em defesa da democracia. A ideia é viabilizar uma nova forma de fazer política no país, oferecendo acesso direto à mobilização a pessoas que nem sempre puderam fazer parte dela.
Além disso, a iniciativa tem como objetivo valorizar o trabalho local, estimulando novas formas de participação política.
"A gente quer comitê popular é lá na base, lá onde você mora, lá onde você trabalha, lá onde a gente vive, porque é aí que a gente consegue dialogar com o nosso real, com o que é a nossa vida do povo, o que é a nossa conta de luz que eles mudam a bandeira e o preço sobe", pontua a agrônoma Michela Calaça, integrante do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC).
Criados para reunir e ajudar a organizar pessoas que querem participar das lutas em diferentes espaços, os comitês podem ser organizados em diferentes tipos de configuração. Movimentos populares, bairros, igrejas, espaços de estudo ou trabalho, lutas setoriais, mandatos e pré-candidaturas são apenas alguns exemplos de espaços onde eles podem ser constituídos. Todo tipo de organização é bem vinda.
"O comitê tem como objetivo fazer desse processo de construção coletiva, uma organização social e popular, uma organização política com capacidade de colocar no cotidiano mesmo a organização do povo e debater o projeto popular para o Brasil", explica o economista André Cardoso, membro do Movimento Brasil Popular.
Com o estabelecimento dos comitês cria-se, também, uma rede de atuação direta para combate à propagação de mentiras e "fake news". As atividades podem ser presenciais ou remotas (por meios digitais).
Entre as atividades sugeridas estão reuniões e encontros públicos periódicos, panfletagens, visitas de porta em porta, caminhadas, atividades culturais e atividades nas redes sociais.
"Organizar o comitê em 2022 é mostrar que estamos vivos, vivas e vives, para um novo momento no Brasil que é reordenar esse cenário, não diria nem um cenário conservador, mas reordenar esse cenário que extingue nossas vidas, esse cenário que limita as pessoas, esse cenário que faz com que a gente pense se eu vou abraçar minha namorada num shopping ou não vou", afirma Roselaine Silva, articuladora da Rede de Ativistas e Pesquisadoras Lésbicas e Bissexuais do Brasil (LesBi Brasil).
Edição: José Eduardo Bernardes