Rio de Janeiro

MENOS EDUCAÇÃO

Corte de orçamento feito por Bolsonaro vai paralisar diversas atividades da UFRJ

Representante da instituição afirmou que governo federal faz escolha política ao investir contra educação pública

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
ufrj universidade orçamento
Melhorias no entorno do alojamento universitário podem deixar de acontecer com a falta de recursos - SGCOM/UFRJ

O bloqueio de 7,2% do orçamento de 2022 pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) vai paralisar as atividades da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a partir de outubro por falta de recursos financeiros. A medida atinge vários serviços públicos, de diversos setores, oferecidos à população brasileira.

A UFRJ afirmou que a medida foi "uma verdadeira rasteira nos gestores das instituições públicas de ensino superior, que regressaram ao ensino presencial buscando trabalhar de forma planejada, apesar das reduzidas verbas que caem ano a ano".

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Segundo o pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, professor Eduardo Raupp, o corte no orçamento, que tem parte usada para pagar os contratos de segurança, manutenção e limpeza, serviços de energia elétrica e saneamento – coloca a universidade em uma situação dramática.

"Esse bloqueio retira do nosso orçamento algo em torno de R$ 25 milhões, o que equivale a um mês de funcionamento. Se o bloqueio não for revertido, vai ser muito difícil manter a universidade operando plenamente", afirmou Raupp, acrescentando que todos os pagamentos estão assegurados até o fim de julho.

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Por obrigação contratual, as empresas devem dar garantias de manutenção dos serviços até 60 dias após o último mês pago.

"Até outubro contávamos em honrar os compromissos e iríamos administrar em novembro e dezembro os casos emergenciais. Agora, o bloqueio está antecipando esse cenário para agosto. Então, setembro, outubro, novembro e dezembro estariam descobertos. A gente estima o impacto de empresas parando entre setembro e outubro. E, sinceramente, sem a reversão do bloqueio, parece inevitável”, revelou o pró-reitor.

Escolha política

No ponto de vista do pró-reitor, esse bloqueio não decorre apenas de um problema orçamentário ou financeiro, é uma escolha política do governo. Surpreende a ação em um contexto atual, em que, paradoxalmente, a arrecadação bate recordes.

As emendas parlamentares e outras áreas que são de interesse do Executivo estão sendo preservadas, mas educação, ciência e tecnologia e saúde estão sendo sacrificadas, destacou Raupp. Ele disse, ainda, que o problema não está na gestão das instituições.

"Não é que a gente esteja sempre pedindo mais e não fazendo nada. Ao contrário, nosso orçamento caiu muito em termos reais. O ideal é que tivéssemos um orçamento discricionário por volta de R$ 410 milhões em 2022 – e esse já seria um valor inferior ao que recebíamos há 10 anos, que, em termos reais, era acima de 500 milhões".

A UFRJ espera que com a ajuda da opinião pública e dos parlamentares, as instituições esperam reverter o bloqueio, que parece destinado a ser uma pá de cal na educação pública superior e no desenvolvimento da ciência e da tecnologia.

Edição: Eduardo Miranda