Seguem desaparecidos no Vale do Javari, oeste do Amazonas, o jornalista Dom Philips, colaborador do jornal britânico The Guardian, e o indigenista da Funai Bruno Araújo Pereira, vistos pela última vez na manhã de domingo (5), no rio Ituí. Eles se deslocavam da comunidade ribeirinha de São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte (AM), quando sumiram sem deixar vestígios.
Depois que as primeiras 24 horas do desaparecimento foram completadas e uma intensa campanha nas redes sociais ganhou força, com a participação até do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diversos órgãos e autoridades anunciaram ações e medidas para colaborar na localização dos profissionais.
O que diz a Polícia Federal?
A PF informou que está acompanhando e trabalhando no caso. “As diligências estão sendo empreendidas e serão divulgadas oportunamente”, diz nota da instituição.
A equipe da corporação envolvida nas buscas ouviu, nessa segunda-feira (6), as duas últimas pessoas que se encontraram com o indigenista e com o jornalista inglês antes do desaparecimento. Um dos homens é uma liderança indígena e o outro seria um pescador.
A PF não divulgou o nome das duas pessoas ouvidas, mas afirmou que eles não são suspeitos, que falaram na condição de testemunhas e que, depois, foram liberados.
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O que diz a Marinha?
A Marinha emitiu uma nota oficial em que informa que enviou, na manhã desta segunda-feira, uma equipe de Busca e Salvamento (SAR) da Capitania Fluvial de Tabatinga para o município de Atalaia do Norte (AM) para auxiliar nas buscas pela embarcação em que estavam o jornalista e o indigenista.
As buscas, com a participação de sete militares, seguiram ao longo da tarde e foram feitas ações nos rios Javari, Itaquaí e Ituí, no interior do Amazonas. A Marinha também informou que, na manhã desta terça-feira, um helicóptero do 1º Esquadrão de Emprego Geral do Noroeste também será utilizado nas buscas, além de duas embarcações e uma moto aquática.
O que diz o Comando Militar da Amazônia?
O Comando Militar do Amazonas (CMA), se pronunciou na noite desta segunda-feira a respeito do desaparecimento. De acordo com o órgão, por meio de nota, o CMA está apto e pronto para iniciar buscas e trabalhos de resgate pelos desaparecidos. No entanto, só tomará tal atitude quando for devidamente acionado.
"Comando Militar do Amazonas (CMA) está em condições de cumprir missão humanitária de busca e salvamento, como tem feito ao longo de sua história, contudo as ações serão iniciadas mediante acionamento por parte do Escalão Superior", diz a nota do CMA.
O que diz o governo do Amazonas?
O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), anunciou que a Secretaria de Segurança Pública do estado vai apoiar as buscas. Segundo ele, uma força tarefa composta por policiais civis, militares e voluntários foi enviada à região.
“Estamos colocando o Estado à disposição para apoiar as buscas e investigações no desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Phillips, em Atalaia do Norte. Estamos enviando agentes para o local e vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para encontrá-los”, publicou Lima no Twitter.
O que diz a Funai?
Em uma nota divulgada à imprensa, a Funai afirma que "acompanha o caso, está em contato com as forças de segurança que atuam na região e colabora com as buscas". O órgão, no entanto, fez questão de ressaltar que Bruno Pereira está licenciado da instituição.
"Cumpre esclarecer que, embora o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira integre o quadro de servidores da Funai, ele não estava na região em missão institucional, dado que se encontra de licença para tratar de interesses particulares", acrescenta a entidade.
O que diz a Procuradoria-Geral da República?
A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que está monitorando as providências que estão sendo tomadas para localizar os desaparecidos. "A informação repassada ao MPF é que os agentes ligados a essas forças estão fazendo varreduras no trecho entre a comunidade São Rafael e o município de Atalaia do Norte (AM), onde teria ocorrido o desaparecimento".
Na tarde de segunda-feira (6), o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, se reuniram, em Brasília, para tratar de providências sobre o caso.
O que diz o Ministério da Justiça?
Em nota, o Ministério da Justiça disse que iniciou operações na área, marcada pela atuação violenta de caçadores, pescadores e madeireiros ilegais, além do narcotráfico.
“As operações ocorrem concomitantemente por meio aéreo, marítimo e terrestre e por determinação do Ministério da Justiça, a procura pelo indigenista e jornalista conta com equipes da Polícia Federal, Força Nacional de Segurança Pública e FUNAI”, escreveu a pasta em sua conta no Twitter.
O que diz o Ministério Público Federal no Amazonas?
Além da PGR, o Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas abriu um procedimento administrativo para acompanhar a questão e acionou a Marinha, a Polícia Federal e demais autoridades.
Leia a repercussão:
O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips estão desaparecidos na Amazônia. Estavam na região reportando invasões de terras indígenas. Phillips me entrevistou para o @guardian em 2017. Espero que sejam encontrados logo, que estejam bem e em segurança. pic.twitter.com/nuyJfmyOqr
— Lula (@LulaOficial) June 6, 2022
Neste Dia Nacional da Liberdade de Imprensa, o Brasil segue chocado com o desaparecimento de @domphillips e Bruno Pereira.
— Orlando Silva (@orlandosilva) June 7, 2022
O Comando Militar da Amazônia sequer foi acionado para a missão de busca e salvamento. É desumana a omissão do Min. Defesa e da Presidência!
ONDE ESTÃO? pic.twitter.com/IdBuPbtqw2
URGENTE! O indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, estão desaparecidos no Vale do Javari, na Amazônia. Os dois foram ameaçados há alguns dias por trabalhar em uma reportagem sobre a invasão de terras indígenas. ONDE ESTÃO? pic.twitter.com/ajgFxH70iP
— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) June 7, 2022
Cada minuto é precioso nas buscas de pessoas desaparecidas na Floresta Amazônica. @domphillips e @tuyu_bruno foram vistos pela última vez na manhã de domingo, mas até agora o governo federal não utilizou helicóptero nas buscas. Essa negligência é desumana e inaceitável.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) June 7, 2022
Com preocupação recebi a notícia do desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips na região do Vale do Javari, notificado nesta manhã. É grave e triste a situação e já reforcei o pedido de providências urgentes ao MJ e à Polícia Federal.
— Joenia Wapichana (@JoeniaWapichana) June 6, 2022
Ao chegar nos EUA, pra onde vim a convite da @TIME, recebi a notícia do desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips no Vale do Javari, Amazonas.
— Sonia Guajajara (@GuajajaraSonia) June 6, 2022
Me somo a todas as instituições e pessoas que exigem do Estado Brasileiro ações imediatas para localiza-los.
Segue o fio >>>
URGENTE: O jornalista do Guardian @domphillips e o indigenista Bruno Pereira estão DESAPARECIDOS. Os dois foram ameaçados há poucos dias no Vale do Javari, no Amazonas. A PF tem que agir imediatamente!
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) June 6, 2022
🚨URGENTE!🚨
— 🇧🇷 Nilto Tatto - #ForaBolsonaro 🍀 (@NiltoTatto) June 6, 2022
O indigenista Bruno Araújo Pereira, da @funaioficial, vinha sofrendo ameaças de morte por garimpeiros, madeireiras e pescadores ilegais, antes de desaparecer, neste domingo, junto com o jornalista britânico Dom Phillips. https://t.co/hKbppMsCZK
As autoridades precisam agir rapidamente nas buscas do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo, que desapareceram na Amazônia. A segurança de jornalistas e ativistas é preceito básico de uma democracia! https://t.co/OuWrYMudEy
— Tabata Amaral (@tabataamaralsp) June 6, 2022
Gravíssimo o desaparecimento do jornalista @domphillips e do Bruno Pereira na Amazônia.
— Augusto de Arruda Botelho (@augustodeAB) June 6, 2022
As autoridades precisam agir de forma rápida.
Toda pressão é importante nesse momento.
Peço ajuda de vocês para repercutir bastante isso.
ONDE ESTÃO o jornalistas (@domphillips) Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira (@tuyu_bruno) ? pic.twitter.com/4x0cGIAph2
— Cris (@crisvector) June 6, 2022
- NENHUM HELICÓPTERO OU AVIÃO empregado nas buscas do Dom Phillips e do Bruno Pereira
— Roberto Kaz (@RealBetoKaz) June 6, 2022
- SÓ 7 MILITARES DA MARINHA
- PF foi acionada mas não busca
- O Comando Militar da Amazônia NÃO FOI ACIONADO pela Defesa
Caralho, é muito desesperador. pic.twitter.com/lXL41513Tr
Cínica e sádica, essa nota do Exército sobre o desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Araújo é um dos documentos mais torpes que já li. A omissão dos nomes na nota e a omissão do Estado nas buscas são uma coisa só. Vocês são podres. pic.twitter.com/HcmQKRNEmd
— Fernando de Barros e Silva (@fernandobarros) June 7, 2022
The courageous, brilliant British journalist Dom Phillips & Bruno Araújo Pereira of the Brazilian agency for Indigenous rights are currently missing in the Vale do Javari after receiving threats. Federal Police & the Army are searching. Please come home, @domphillips & Bruno.
— Andrew Fishman (@AndrewDFish) June 6, 2022
A Polícia Federal ainda NÃO começou as buscas para localizar @domphillips e Bruno Pereira, desaparecidos há mais de 30 horas no Vale do Javari. Quem está fazendo buscas desde ontem são os indígenas da região, pela Unijava. Como é possível??? Tempo é crucial na Amazônia!
— Eliane Brum (@brumelianebrum) June 6, 2022
a Marinha e a PF prometem buscas de barco a Bruno Pereira @tuyu_bruno e Dom Phillips @domphillips. Ou seja, não haverá sobrevôos. Os militares gostam de discursar sobre "soberania nacional" na Amazônia. Mas não aparece um simples helicóptero para uma ação de emergência.
— Rubens Valente (@rubensvalente) June 6, 2022
URGENTE! Informe sobre desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista Dom Phillips do The Guardian pic.twitter.com/6XfNjyXc8y
— Opi (@OPI_Isolados) June 6, 2022
Carta da minha amiga Alessandra Sampaio, mulher do Dom Phillips:
— Roberto Kaz (@RealBetoKaz) June 6, 2022
"Quero implorar às autoridades brasileiras que busquem meu marido, Dom Phillips, e seu parceiro de expedição, Bruno Pereira, com urgência. No momento em que faço este apelo, eles já estão desaparecidos há mais de +
Edição: Vivian Virissimo