Distrito Federal

Pandemia

Governo do DF é cobrado após alta nos casos de covid-19

Entidades, órgãos e especialistas pedem adoção de medidas

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Volta do uso obrigatório de máscaras em locais fechados está descartado no Distrito Federal, segundo governador Ibaneis Rocha - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Distrito Federal vive um momento de surto dos casos de covid-19. Na sexta-feira (3), segundo boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, a taxa de transmissão (Rt) ficou em 1,43, cenário em que 100 pessoas transmitem para outras 143.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que taxas acima de 1 significam descontrole e expansão da pandemia. Há várias semanas a taxa tem estado bem acima de 1 na capital federal, e chegou a bater 1,5 na última semana. No acumulado de infecções, foram notificados 12,2 novos casos da doença, uma média de 2,4 mil casos por dia. 

Por causa do aumento do número de casos, entidades da sociedade civil, especialistas e órgãos públicos têm cobrado a adoção de novas medidas por parte do governo local para conter esse aumento. A força-tarefa de enfrentamento à covid-19 do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) requisitou nesta sexta informações sobre as medidas para enfrentamento da crise sanitária à Casa Civil do Governo do Distrito Federal (GDF).

O MPDFT também requisitou à Secretaria de Saúde a ampliação da testagem da população. Além disso, a pasta deverá apresentar o percentual de positividade dos testes de detecção do novo coronavírus. Os órgãos terão o prazo de dez dias para prestar esclarecimentos sobre as iniciativas eventualmente já tomadas.

O Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) também cobrou ação do governo e destacou que a situação nas escolas é preocupante. "Desde meados de maio, o Sinpro-DF recebe, quase que diariamente, pedidos de orientação sobre o que fazer com escolas que estão vivendo o novo surto de covid e outras doenças respiratórias. E também cobra essas orientações da SEDF [Secretaria de Educação], que só faz referência à nota técnica 09/22, de 20 de abril, que desobriga os estudantes (e apenas os estudantes) a usarem máscaras nas escolas", diz a entidade, que solicitou uma reunião de emergência com a pasta para discutir medidas preventivas.

Na última quinta-feira (2), um ofício interno da própria Secretaria de Saúde do DF sobrou o retorno do uso obrigatório de máscaras em ambientes fechados da capital do país.

Em um ofício encaminhado ao diretor de assistência à saúde do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (iges-DF), Nestor Júnior, o secretário-adjunto de Assistência à Saúde, Pedro Costa Queiroz Zancanaro, argumenta sobre a alta taxa de transmissão, “que alcançou 1,50 no dia 30/05, com 2.604 casos novos e 8.222 casos ativos”.

O subsecretário também pediu aumento da quantidade de testes e liberação de mais leitos de Covid-19 na capital federal. Atualmente, diante da alta taxa de transmissão, os leitos pediátricos exclusivos para o tratamento da covid-19 estão com 100% de lotação no DF. Já os leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) para adultos estão com ocupação inferior a 50%. 

Apesar da recomendação técnica, o governador Ibaneis Rocha (MDB) descartou, por enquanto, a volta da obrigatoriedade do uso de máscaras na capital. "Para decidir se teremos a obrigatoriedade do uso das máscaras é necessário avaliar o conjunto de informações: infecção, internação e óbitos. Por enquanto a medida não é necessária", disse em postagem nas redes sociais.

"Infelizmente, estamos entrando numa quarta onda da Covid-19. Me preocupa muito o silêncio das autoridades sanitárias e a falta de testagem, levando a uma subnotificação. Isso gera na sociedade uma falsa sensação de  segurança", afirmou o médico infectologista Julival Ribeiro. Ele defende que o uso de máscaras em ambientes fechados ou com aglomeração seja obrigatório e recomenda que as pessoas usem o equipamento de proteção individual, independentemente de ser mandatório ou não. 

Vacinação ampliada

Na sexta-feira (3), o DF começou a aplicar a quarta dose da vacina contra a covid-19 em pessoas com idade acima de 50 anos e em servidores da saúde. Para receber o imunizante, é preciso ter completado um intervalo de quatro meses da vacina tomada anteriormente. Os locais de vacinação podem ser consultados na página da Secretaria de Saúde na internet.  

Desde o início da pandemia, o DF teve 718.242 casos confirmados de covid-19. Deste total, 11.692 foram levados a óbito pela doença.

Campanha prorrogada

A Secretaria de Saúde também confirmou a prorrogação, até o dia 24 de junho, da campanha nacional de vacinação contra a Influenza (gripe) e o sarampo. A meta mínima de 90% de cobertura vacinal para ambas as doenças está ainda longe de ser alcançada. 

No DF, conforme informativos divulgados pela pasta de saúde, até o dia 24 de maio a cobertura vacinal para o sarampo em crianças era de apenas 19,1%. Contra a influenza, o grupo de idosos apresentava a cobertura mais elevada (48,%), seguido dos grupos de trabalhadores de saúde (36,9%) e professores (29,2%).

Ao todo, o público-alvo da campanha soma 1.086.547 pessoas no DF. A vacinação está disponível para profissionais de saúde, pessoas com 60 anos ou mais, crianças de 6 meses a menores de 5 anos, população indígena, professores, gestantes e puérperas, caminhoneiros e motoristas de transporte público, além de integrantes das forças públicas de segurança.

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Edição: Flávia Quirino