O Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio de Janeiro informou na tarde desta sexta-feira (3), durante coletiva de imprensa, que teve a segurança de seus integrantes reforçada após ameaças de seguidores do vereador Gabriel Monteiro (PL), que é alvo de processo ético-disciplinar e responde por quebra de decoro parlamentar.
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O presidente do Conselho de Ética, vereador Alexandre Isquierdo (União), disse que foram feitas varreduras em todos os gabinetes e nos celulares particulares de cada membro do colegiado e que alguns vereadores já estão utilizando carros blindados.
"São supostos fãs e seguidores do vereadores Gabriel Monteiro. Mediante as ameaças, achamos pertinente essa varredura [...] Alguns membros do Conselho de Ética solicitaram carro blindado para o seu dia a dia, estamos falando de uma questão de segurança. Se essas ameaças forem mais contundentes, vamos acionar a Polícia Civil para apurar", explicou Isquierdo.
Relator do caso no colegiado, o vereador Chico Alencar (Psol) afirmou que o Rio e o país vivem tempos de fanatismo e disputa desqualificada. Segundo ele, as ameaças revelam que a força do argumento e do debate está sendo substituída pelo argumento da força e da truculência.
Alencar ressaltou que perseguições já vinham ocorrendo antes do processo, conforme depoimento de Vinícius Hayden, ex-assessor de Monteiro e que esteve diante do Conselho de Ética no último dia 25 e morreu quatro dias depois em acidente de carro na estrada entre Nova Friburgo e Teresópolis, na região serrana do estado.
"O depoimento do Vinícius é um depoimento considerado chave no caso, ele disse que estava incumbido de fazer a vigilância de todos os vereadores da Casa. E isso foi interrompido não por [Vinícius] não ter tido tempo de vida, tragicamente, mas por ter se afastado do gabinete", avaliou o relator, acrescentando que o ex-assessor tinha capacidade técnica para espionar os colegas de Monteiro.
Chico Alencar chamou, ainda, de "coincidência cronológica tremenda" a morte do assessor, dias depois do depoimento. "Só não se preocupa com isso quem não se preocupa com a própria vida", afirmou o vereador do Psol, pedindo aprofundamento da investigação sobre as causas da morte. Até o momento, a polícia trabalha com a hipótese de acidente causado por falha técnica do carro.
Absolvição
Questionado se haveria já uma articulação entre os vereadores da Câmara para que fosse imputada uma pena mais branda a Gabriel Monteiro quando o processo for para o Plenário da Casa, ou até mesmo uma absolvição, o presidente do Conselho de Ética negou qualquer tipo de conversa nesse sentido.
"Não temos esse sentimento entre os vereadores da Câmara, essa articulação para inocentar o vereador Gabriel Monteiro. Não existe esse tipo de burburinho entre os vereadores, o que existe são vereadores interessados em saber como está o procedimento etc. Articulação e corporativismo da Casa, isso não", garantiu Alexandre Isquierdo.
Integrante do Conselho de Ética, a vereadora Rosa Fernandes (PSC) afirmou que "se existe [articulação], é de forma velada". "Até porque essa Casa viveu momentos dramáticos em relação ao assassinato de Marielle Franco, uma pessoa que não tinha nenhum tipo de conflito e teve sua vida ceifada", comentou.
Edição: Eduardo Miranda