A Operação Heron, que prendeu sete agentes públicos envolvidos com milícia no Rio de Janeiro, ganhou um novo capítulo. A justiça autorizou o afastamento da delegada Ana Lúcia da Costa Barros do exercício de suas funções por supostamente utilizar o banco de dados da Polícia Civil para fornecer informações a um miliciano denunciado na operação.
Segundo o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), Ana Lúcia é casada com o agente penitenciário André Guedes Benício Batalha, preso durante a ação do MP-RJ e Polícia Civil.
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A denúncia do MP-RJ, por meio do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO), aponta que, em abril de 2021, a polícia apreendeu um celular do miliciano Francisco Anderson da Silva Costa, o Garça, e descobriu que a senha da delegada foi usada para acessar detalhes de uma placa de um veículo a mando de Garça.
O marido da delegada, André, ficou responsável por descobrir se um veículo descaracterizado tratava-se de um carro da Polícia Civil. Para tal, o agente penitenciário usou a senha de delegada da mulher, Ana Lúcia.
De acordo com as investigações, os sete agentes eram responsáveis pelo repasse de informações privilegiadas sobre segurança pública aos integrantes da organização criminosa com evidente prática de corrupção e pagamentos entre milicianos e serventuários do sistema prisional.
A decisão da 1ª Vara Criminal Especializada que afastou a delegada, assinada pelo juiz Marcello Rubioli, também determinou a suspensão do login e senha de acesso aos sistemas da Polícia Civil vinculados a Ana Lúcia.
A reportagem não localizou a defesa da delegada para um posicionamento sobre o caso.
Edição: Jaqueline Deister