Organizações do movimento negro protestaram na tarde desta sexta-feira (27), na sede nacional da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Brasília, para pedir justiça por Genivaldo de Jesus, morto após abordagem policial na cidade de Umbaúba, interior de Sergipe.
O episódio ocorreu na quarta-feira (25) e chocou o país. Moradores da cidade presenciaram e registraram em vídeo a abordagem de agentes da PRF, que mostra cenas absolutamente brutais.
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Genivaldo, homem negro de 38 anos e com transtornos mentais, foi jogado no porta-malas da viatura. Enquanto um dos policiais segura a tampa do porta-malas para que Genivaldo não saia, o outro dispara gás lacrimogênio em quantidade que chega a formar uma espessa camada no ar, em uma espécie de "câmara de gás" improvisada. Nas cenas, é possível ver a vítima se debatendo e gritando de desespero, enquanto era asfixiada pela fumaça.
"Colocar um homem de 38 anos dentro uma viatura, jogar gás lacrimogênio e fechar a porta não é normal. É inadmissível que as ações policiais continuem sendo tão violentas contra jovens negros. É inaceitável que este governo continue naturalizando essas mortes", afirmou Dani Sanchez, do Coletivo Yaa Asentewa e Coalizão Negra por Direitos, durante o ato. Cerca de 100 ativistas participaram da manifestação. Manifestações semelhantes foram realizadas em outras cidades do país.
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O sobrinho da vítima, Wallyson de Jesus, que presenciou a cena, disse ao site de notícias G1 que Genivaldo ficou nervoso durante a abordagem depois que os policiais encontraram no bolso dele cartelas de medicamentos.
As câmaras de gás
Durante o Holocausto, câmaras de gás foram projetadas como parte da política nazista de genocídio contra judeus na Europa. Os nazistas também tinham como alvos os ciganos, homossexuais, deficientes físicos e mentais, intelectuais e integrantes do clero. A estratégia foi usada para matar milhões de pessoas entre 1941 e 1945.
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Outro lado
Em nota, a PRF afirmou que o homem teria “resistido ativamente” à abordagem. Os agentes, então, teriam utilizado “técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo” para conter a agressividade da vítima, que passou mal no caminho para a delegacia, segundo a corporação.
Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino