Assistimos durante dois anos à cumplicidade governamental com a espiral de mortes pela pandemia, cujos motivos torpes só vieram a tona com a CPI da covid. Enquanto os cadáveres iam se acumulando, as denúncias indicavam que os adiamentos das compras de vacinas tinham como causa as negociações paralelas por propinas e vantagens ilícitas.
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A firme determinação dos profissionais da saúde pública e a ação de alguns governos estaduais impediram que a mortandade não atingisse milhões de casos.
Agora, vivemos uma situação que se constitui em nova ameaça de tragédia social generalizada, onde a explosão inflacionária corrói as condições de sobrevivência de muitos milhões de brasileiros.
E o governo da mesma forma oferece sua face predatória e irresponsável, cuidando apenas dos seus próprios interesses e daqueles que o favorecem.
Semana passada o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o índice de inflação para o mês de abril de 2022, medido pelo IPCA. O índice foi de 1,06%, entre março e abril, elevando a inflação acumulada em 12 meses de 11,03%, em março, para 12,13%, em abril deste ano.
Os principais grupos que sofreram aumento no mês foram: alimentação 2,06%; transportes 1,91% e combustíveis 3,20%.
Mas estes números não revelam, com toda a sua virulência, o impacto sofrido pela população em termos do aumento nos preços dos itens básicos da alimentação.
Quando olhamos de forma detalhada a evolução dos aumentos nos últimos 12 meses, os índices são verdadeiramente alarmantes no que concerne aos itens da alimentação da população brasileira.
O tomate aumentou seus preços em 103,26%, o café moído 67,53%; a batata 63,53%, açúcar refinado mais 36,99% e o óleo de soja 31,53%. O leite, por sua vez, aumentou 23,37%. As condições de sobrevivência se mostram cada vez precárias e a insegurança alimentar se coloca como uma questão a ser urgentemente enfrentada.
*Advogado, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ) e ex-presidente da Comissão Estadual da Verdade (CEV).
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Mariana Pitasse