Todas as atitudes de Rodolfo Landim, Marcos Braz e companhia se refletem naquilo que vemos em campo
*Por Luiz Ferreira
É bastante compreensível que o torcedor do Flamengo esteja na bronca com Paulo Sousa. Estamos chegando no meio do ano e a equipe ainda não conseguiu apresentar um futebol consistente. A vitória sobre a Universidad Católica (pela Libertadores) foi boa, mas o caminho ainda é longo.
Só que o torcedor rubro-negro não pode cair na lorota de que basta demitir Paulo Sousa e trazer Jorge Jesus de volta para que as coisas voltem a funcionar como funcionaram em 2019. O contexto é completamente diferente. E aquele cenário é praticamente impossível de ser repetido por mais que se tente.
O que pouca gente entende é que Paulo Sousa é o menor dos problemas do Flamengo.
O clube mais amado do país é hoje o retrato da sua diretoria. E todas as atitudes de Rodolfo Landim, Marcos Braz, Bruno Spindel e companhia se refletem naquilo que vemos em campo.
Voltemos um pouco no tempo. A diretoria que herdou o legado da gestão de Eduardo Bandeira de Mello é a mesma que desmontou todo um departamento de análise de desempenho, aparelhou o departamento médico do clube, fechou o Flamengo para a sua torcida e concentrou o todo poder na mão do grupo que é hoje conhecido como “clubinho do Leblon”.
Vale lembrar também que a grande parcela da torcida que protestou contra as decisões dessa diretoria e com a aproximação com o governo Bolsonaro foi acusada de “misturar política com esporte”.
O Flamengo só não foi totalmente gourmetizado porque a sua torcida bateu o pé e foi para as redes sociais e para as cadeiras do Maracanã protestar contra Landim, Braz e essa visão mais capitalista selvagem de transformar tudo em números. Todas as decisões têm a ver unicamente com dinheiro, planilhas e essa postura de playboyzinho conservador.
Concordo plenamente que o trabalho de Paulo Sousa está muito abaixo do esperado.
A demora em perceber que era preciso ser mais flexível com os jogadores acabou contribuindo demais para a crise pela qual a equipe vive atualmente.
Mas não se esqueçam de que Paulo Sousa é o menor dos problemas se é que pode ser considerado um. Porque não existe treinador que resista ao sucateamento descarado do departamento de futebol. A corda sempre acaba arrebentando do lado mais fraco.
*Luiz Ferreira escreve toda semana para a coluna Papo Esportivo do Brasil de Fato RJ sobre os bastidores do mundo dos atletas, das competições e dos principais clubes de futebol. Luiz é produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista e grande amante de esportes.
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Mariana Pitasse