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É ‘impossível’ a Turquia apoiar Finlândia e Suécia na Otan, diz Erdogan

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Em coletiva nesta segunda, Erdogan expôs sua posição horas depois de a Suécia confirmar intenção de entrar para a Otan - Reprodução Youtube

Nesta segunda-feira (16), o líder turco Recep Tayyip Erdogan afirmou que “é impossível” seu país apoiar a adesão da Finlândia e da Suécia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A declaração bombástica surpreendeu os membros da organização militar liderada pelos Estados Unidos. Na semana passada Ancara já havia manifestado que discordava da entrada dos dois países na Otan, mas não de maneira cabal como hoje. Como é da Aliança Atlântica, se confirmar essa posição, a Turquia inviabiliza a adesão dos países nórdicos à organização, já que é exigido aval de todos os 30 países membros.

“Não podemos dizer sim. Caso contrário, a Otan não será uma organização de segurança, mas se tornará um lugar onde haverá muitos representantes de terroristas. Não podemos dizer sim, sem ofensa” , explicou Erdogan. O chefe de Estado turco reiterou as acusações de que Suécia e Finlândia são utilizadas como “hospedagens para organizações terroristas”. Segundo ele, “a Suécia é um centro de incubação de organizações terroristas. Eles trazem terroristas para falar em seus parlamentos”.

“Nenhum desses países tem atitude clara e aberta sobre organizações terroristas. Como nós podemos confiar neles? Eles têm convites especiais para terroristas. Eles até possuem parlamentares pró-PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK)) em seus Parlamentos”, continuou o líder em entrevista a jornalistas. O presidente da Turquia expôs sua posição horas depois de a Suécia – seguindo posição da Finlândia declarada na semana passada – confirmar sua intenção de entrar para a Otan.

Retaliação

Além dessas justificativas, há um ponto chave na posição turca. Em 2019, o governo sueco – importante produtor de armamentos – impôs embargo sobre a venda de armas à Turquia, em retaliação a um ataque turco no Noroeste da Síria contra alvos curdos na região. “Nós não diremos sim a um país que impõe sanções à Turquia para que se junte à Otan”, disse Erdogan.

Por sua vez, o governo de Vladimir Putin já afirmou que a entrada dos nórdicos na Otan implicará “medidas técnico-militares” de Moscou. Nesta segunda, o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, também se pronunciou. Afirmou que “o nível geral da tensão militar vai aumentar, e que haverá menos previsibilidade nesta área”, se Finlândia e Suécia aderirem à organização militar. “É uma pena que o senso comum seja sacrificado a algumas ideias fantasma sobre o que deve ser feito nesta situação”, ironizou Ryabkov.

Na semana passada, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia advertiu: “Helsinque deve ter consciência da responsabilidade e das consequências de tal passo”. Acrescentou que a adesão finlandesa à Otan “causará danos graves à manutenção da estabilidade e segurança na região do Norte da Europa”.

Edição: Rede Brasil Atual