A democracia e o futuro do Brasil dependem do resultado eleitoral e de garantir a posse do eleito
A defesa da democracia torna-se o principal assunto na maioria dos veículos de comunicação e articulistas, entre os políticos democratas e candidatos que disputarão as eleições desse ano. E isso acontece porque o ocupante do Planalto, aquele fulaninho, como bem disse Anitta, a cada dia sobe um degrau na sua escalada golpista.
Não nos enganemos, ele faz o que fala. Vamos relembrar que, na campanha eleitoral de 2018, as pessoas minimizavam suas falas, dizendo se tratar apenas de retórica. Não era, suas medidas no governo mostraram que ele falava a sério. Se mais não avançou nos seus intentos golpistas foi pela resistência dos que se opõem aos seus intentos.
Nesta semana, o jornalista Luis Nassif escreveu o texto Xadrez de como será o golpe da urna eletrônica. Ele narra com detalhes como o golpe vem sendo montado desde há muito tempo. Afirma que será dentro dos princípios da guerra híbrida.
:: Ataque a urnas eletrônicas tem atuação de Heleno, Ramos e Abin desde 2019, aponta PF ::
A tática é questionar publicamente as urnas eletrônicas ao mesmo tempo em que adquire sistemas que permitem monitoramento físico e hackeamento de celulares, rastreamento digital, mapeamento de IPs de computadores. E coloca os contratos desses acordos sob sigilo; no Diário Oficial, não aparecem os nomes das empresas. Isso tudo em conluio com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e uma parcela das forças armadas.
Diante dessas revelações, é preciso tomar providências, seja pelo Ministério Público Federal ou por outros canais judiciários. E também os partidos políticos e suas candidaturas precisam denunciar junto à população. É preciso garantir que o vencedor das eleições de outubro assuma.
Além disso, uma grande unidade nacional em torno das forças democráticas poderá evitar o golpe. O animado lançamento do movimento "Vamos Juntos pelo Brasil" é demonstração dessa unidade em defesa da democracia, da soberania nacional e da recuperação do Brasil. Além de reunir sete partidos e diversos movimentos sociais, consolidou a união de adversários históricos na mesma chapa. A compreensão do grave momento que o país vive com esses ataques e a incompetência para resolver os problemas do povo faz as divergências se transformarem em convergências.
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O discurso do ex-governador Geraldo Alckmin, candidato a vice-presidente na chapa que será encabeçada por Lula, mostra que a disputa dessas eleições não será apenas entre pensamentos e projetos diferentes. Se dará entre civilização e barbárie.
A democracia como a conhecemos sugere a alternância de poder. Mas como disse Alckmin, a única forma de garantir a alternância de poder é derrotar Bolsonaro e a chapa Lula-Alckmin é a única capaz de fazer isso, conforme mostram todas as pesquisas pré-eleitorais.
A democracia e o futuro do Brasil dependem do resultado eleitoral e de garantir a posse do eleito. Mas também é preciso garantir a governabilidade, porque os golpistas não desistirão mesmo sendo derrotados. Para isso, é necessário eleger uma grande bancada de deputados federais, capaz de bancar as transformações que o país precisa, além de desatar os nós e desfazer as armadilhas que serão deixadas por este desgoverno.
Precisamos de todos, porque nossas tarefas são imensas. Defender a democracia e esperançar um Brasil mais justo.
*Vanessa Grazziotin é ex-senadora da República e membro do Comitê Central do PCdoB. Leia outros artigos.
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Rebeca Cavalcante