festa em maio

Porto Alegre: Imperadores do Samba vence o Carnaval homenageando os 250 anos da capítal gaúcha

Apuração dos desfiles que brilharam na passarela no último final de semana foi marcada por confusão nas arquibancadas

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Escola vermelho e branco trouxe o enredo “Um espetáculo entre os palcos da cidade que homenageia os 250 anos da Capital” - Foto: Reprodução/ Facebook Imperadores do Samba

A Imperadores do Samba consagrou-se como a escola de samba campeã da Série Ouro do Carnaval 2022 de Porto Alegre, em apuração realizada nesta terça-feira (10) no Complexo Cultural do Porto Seco, na Zona Norte da Capital. Em segundo lugar ficou a Bambas da Orgia e em terceiro a Imperatriz Dona Leopoldina. Sob chuva, a contagem dos pontos chegou a ser interrompida, quando um tumulto nas arquibancadas teve que ser contido pela Brigada Militar.

Os desfiles ocorreram no último final de semana, após dois anos de interrupção por conta da pandemia e uma crise de apoio que levou ao cancelamento da edição de 2018. Superados os desafios, o Grupo Prata saiu na sexta-feira (6), o Grupo Ouro no sábado (7) e o Grupo Bronze no domingo (8). Diversas escolas de samba trouxeram temáticas ligadas à história e cultura da cidade e também de cunho social nesta edição de retomada.

Homenagem a locais da cidade que a escola já passou

Com o samba enredo “Um espetáculo entre os palcos da cidade que homenageia os 250 anos da Capital”, a Imperadores do Samba conquistou seu 21º título. Suas alegorias trouxeram locais de relevância cultural da cidade, como o Theatro São Pedro, a Esquina Democrática, a Redenção, a Casa de Cultura Mario Quintana, entre outros.

Primeira mulher eleita presidenta nos 63 anos da Imperadores, Luana Costa conta que a escola está muito feliz pela conquista, "fruto de muita dedicação de uma comunidade que abraçou o trabalho neste período difícil e foram para dentro do barracão ajudar na confecção de fantasias e alegorias com muito amor". Afirma que foi uma alegria poder ter de volta os desfiles, reabrir a quadra e as atividades, porque "o Carnaval faz parte da nossa vida".

Luana explica que todos os lugares representados nas alegorias da passarela foram espaços de Porto Alegre onde a Imperadores já se apresentou. Além disso, destaca que leva a importância dos locais para a comunidade periférica. "Por exemplo o Theatro São Pedro, mais elitizado, levamos a um público mais simples. De repente muita gente que nos assistiu no Porto Seco nunca entrou no teatro, e fizemos uma réplica que abriu nosso desfile."

Ainda segundo a presidenta, ser a primeira mulher a presidir a escola é muito importante porque as mulheres sempre tiveram um papel fundamental na organização mas nunca um papel de liderança. "Acredito que isso é muito que pela estrutura machista da nossa sociedade, então acho que derruba uma barreira para as próximas que virão", afirma.

Bambas aborda sagrado feminino e o sincretismo religioso

Segunda colocada neste ano, a campeã da edição anterior, realizada em 2019, Bambas da Orgia, desfilou sob o enredo “No Sagrado e no Profano, Sob as Bênçãos de Maria e Yemanjá”, exaltando o sagrado feminino e o sincretismo religioso. O presidente da escola de samba, Carlos Breik, agradeceu, nas redes sociais, a todas as pessoas que contribuíram na caminhada neste ano. “Sou grato pelos vários atores que entraram em cena por amor a Azul e Branco. Atores estes que fizeram a diferença."

Imperatriz traz a luta pela igualdade de gênero

Na terceira colocação, a Imperatriz Dona Leopoldina veio com o enredo “Me respeita!”, abordando a luta das mulheres pela igualdade de gênero. A atriz e produtora cultural Elisa Heidrich desfilou pela primeira vez, a convite de Karine Paz e Marcelo Restore, do Teatro da Crueldade, que ficaram responsáveis por uma parte cênica do desfile.

“Quando ouvi o samba enredo, vi que queria fazer parte desse desfile, ele é muito forte, me arrepio cada vez que presto atenção na letra. É completamente importante trazer o tema para o público no Carnaval, que muitas vezes tem a questão da objetificação e da sexualização do corpo da mulher”, pontua Elisa. “A parte que participei, dirigida por Karine e Marcelo, tinha a questão do peito nu, pelo direito de estar com o peito nu sem essa objetificação e julgamento de uma parte do corpo da mulher”, completa.

A atriz ressalta que o discurso da escola de samba a representa. Ao citar parte do samba enredo, “Eu insisto eu posso, eu quero vencer, liderar, ser votada”, afirma que são temas que tocam a todas as mulheres, o que sentiu nos olhares delas vindos das arquibancadas. “É tão triste a gente ter que estar ainda lutando, nós vencemos muitas coisas mas o machismo estrutural ainda está arraigado na sociedade e nós sofremos muito”, afirma.

Grupos Prata e Bronze

Consagrou-se campeã do Grupo Prata a Realeza e em segundo lugar a Unidos Vila Isabel, que sobem para o Grupo Ouro em 2023. Em em terceiro ficou a União Tinga e, em quarto, a Praiana.

No Grupo Bronze, a vencedora foi a Filhos de Maria, com Protegidos de Princesa Isabel em segundo. Em terceiro ficou a Mocidade Independente da Lomba Pinheiro e, em quarto, a Acadêmicos da Orgia. As quatro sobem para o Grupo Prata em 2023.

Tumulto na apuração

A confusão durante a apuração ocorreu quando integrantes da escola de samba Estado Maior da Restinga, descontentes com as notas, reagiram com violência, segundo informou a Brigada Militar. Cadeiras e mesas foram quebradas e um repórter fotográfico do jornal Correio do Povo foi ferido e teve seu equipamento quebrado.

O Sindicato dos Jornalistas do RS (Sindijors) emitiu nota em que repudia o ato de violência. “Entendemos que esse tipo de ocorrência fere a todos os profissionais em exercício no Rio Grande do Sul. Agredir, intimidar e constranger os profissionais que realizam seu trabalho de levar informações à população, configuram flagrante violação a um pilar da democracia, a liberdade de imprensa”, diz a entidade.

“Acompanho com tristeza e lamento profundamente os episódios de violência que ocorrem na apuração", disse o prefeito Sebastião Melo (MDB).


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Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko