Formado em 2012 a partir do encontro de mulheres que participavam de uma oficina de percussão feminina na Pedra do Sal, região que é o coração do samba na zona portuária do Rio de Janeiro, o Grupo Moça Prosa completa 10 anos e vai comemorar com um evento multicultural e gratuito neste sábado (7), a partir das 13h, no mesmo lugar onde ele teve início.
O grupo, que contou inicialmente com 12 mulheres em sua primeira formação, cinco a mais que as atuais sete integrante, vem ganhando espaço e lotando as rodas de samba em espaços públicos da cidade.
No sábado, o evento na Pedra do Sal contará com uma feira multicultural de expositores de moda, artesanato, gastronomia e literatura. A programação começa com uma bênção e lavagem do espaço realizados por Mãe Celina. Em seguida, acontecem a roda de conversa "O espaço da mulher na cultura e suas representações".
Na sequência, haverá intervenções culturais com participação do Slam das Minas e do Baque Mulher e o lançamento do livro "A Luz de Aisha", das autoras Luana Rodrigues e Aza Njeri. Às 18h30, começa a roda de samba da Moça Prosa e nos intervalos a DJ Nicolle Neuman assume a programação musical.
A vocalista do Moça Prosa, Fabíola Machado, contou um pouco sobre o show que será apresentado, a partir do primeiro EP do grupo, "Do jeito que eu sou", lançado no ano passado.
"O repertório é uma viagem de tudo que cantamos na última década, fazendo um resgate dos compositores, compositoras e intérpretes que sempre reverenciamos em nossas rodas e que nos trouxeram até aqui. Mas também mostramos um repertório autoral que achamos importante demais ser sempre cantado em nossa roda", conta ela.
A integrante Jack Rocha comemorou a década de música do grupo, mas também lembrou dos preconceitos sofridos dentro do próprio ambiente musical nos últimos 10 anos. "Experimentamos olhares que avaliaram nosso trabalho de forma a tentar equiparar às qualidades de uma roda de samba masculina. Sofremos na pele o preconceito, o sexismo e o racismo a respeito de ser mulher preta e capaz de executar uma roda de samba de forma independente".
"Quando decidimos caminhar ninguém achava que daríamos conta de segurar uma roda por quatro horas. Nem nós sabíamos, mas nunca deixamos o medo nos silenciar ou nos impedir de seguir adiante", completa Cláudia Coutinho, outra integrante do Moça Prosa, que promete um show para levantar a poeira na Pedra do Sal.
Edição: Eduardo Miranda