Nesta sexta-feira (6), quando se completa um ano da chacina do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro, naquela que ficou conhecida como a operação mais letal do estado, o Instituto Fogo Cruzado publicou um levantamento sobre os 12 meses que sucederam a tragédia. De lá para cá, foram 47 outras chacinas na região metropolitana e 33 delas ocorreram durante ações e operações policiais.
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O resultado disso, pontua a Fogo Cruzado, é que 174 pessoas morreram depois da tragédia do Jacarezinho, sendo 126 mortos nas ocasiões em que agentes da polícia estiveram presentes. Para Cecília Olliveira, diretora executiva do instituto, as operações policiais que terminam com muitas mortes, como a do Jacarezinho, evidenciam a falta de planejamento e de prioridades.
"É preciso que as operações policiais sejam orientadas por estratégia, inteligência e responsabilidade com a vida dos moradores. Os impactos dessas ações policiais sem o devido planejamento vão além das mortes, impactam na rotina e a população. Pessoas baleadas até dentro do metrô. Isso não pode ser aceitável", afirma ela.
Um ano depois da operação do Jacarezinho, 10 das 13 investigações do Ministério Público foram arquivadas, duas foram aceitas e uma segue em andamento. Isso significa que 23 mortes das 28 mortes tiveram inquéritos arquivados.
Para a operação policial no Jacarezinho, foram utilizados 250 policiais, quatro blindados e dois helicópteros, mas apenas dois agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) envolvidos na operação cumprem medida cautelar, dentre as quais estão o afastamento da função pública externa e de toda e qualquer atividade policial no bairro onde se deram os fatos.
Medo e trauma
Até o momento, somente um dos 13 inquéritos resultou em denúncia: a morte de Omar Pereira da Silva, de 21 anos, dentro do quarto de uma menina de 9 anos. Os cinco feridos durante a operação foram dois policiais civis, um morador, que foi atingido no pé quando estava dentro de casa, e dois passageiros do metrô, atingidos por balas perdidas dentro de um vagão da linha 2, na altura da estação Triagem.
"Crianças precisam fazer tratamento psicológico por presenciarem cenas de violência, passageiros que são baleados dentro de metrô, mães que perdem emprego porque não conseguem ir ao trabalho, e por aí vai. Não é só uma operação. Não é só as pessoas procuradas. É a sociedade toda", critica Cecília Olliveira, do Fogo Cruzado.
Edição: Eduardo Miranda