Após dois anos de pandemia e com a economia do país patinando, a situação do mercado de trabalho traz um cenário bem mais adverso para o conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras, inclusive no Distrito Federal.
Na capital brasileira, que tem uma população ocupada estimada em 1,5 milhão de pessoas, o rendimento médio do brasiliense ficou R$ 400 menor, uma redução de 9%, na comparação entre entre os quartos trimestres de 2019 e o de 2021.
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Há cerca de dois anos, a renda média do trabalhador no DF era R$ 4.456, mas já no final do ano passado tinha caído para R$ 4.056. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), medida Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e foram sistematizados em uma publicação do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese).
Apesar do rendimento médio do trabalhador brasiliense estar bem superior à média nacional, atualmente em R$ 2.377, a metade das pessoas ocupadas no DF ganhava até R$ 2 mil no último semestre do ano passado.
Informalidade
A taxa de informalidade, que corresponde à faixa de trabalhadores que não possuem carteira assinada, também aumentou em dois anos e chegou a um terço do total.
No final de 2019, cerca 24,8% da população ocupada estava na informalidade no DF, que dava aproximadamente 362 mil pessoas. No final de 2021, esse percentual tinha atingido 29,2%, o que dá algo em torno de 444 mil pessoas.
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Entre aqueles que trabalham no DF, 117 mil estavam subocupados por insuficiência de horas trabalhadas, ou seja, gostariam de trabalhar mais horas. Esse quantitativo, verificado no último trimestre de 2021, era bem superior ao do mesmo período de 2019, quando 71 mil estavam subocupados.
A taxa de desemprego (desocupação) no DF fechou o ano passado em 12,1%, acima da média nacional (11,1%). Os desalentados, que são aqueles que desistiram de procurar emprego, passaram de 21 (2019) para 30 mil (2021).
Inflação
A queda no poder de compra dos trabalhadores, medida pelo IBGE, se agravou ainda mais porque os preços dos alimentos que compõem a cesta básica subiram ainda mais do que a inflação geral.
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Desde o começo da pandemia, o custo do conjunto de alimentos básicos teve acréscimo de R$ 243 em São Paulo, aumento de 47% entre março de 2020 e março de 2022. Além disso, Brasília tem uma das cestas básicas mais caras do país e uma das que mais aumentaram ao longo do último ano.
Produtos básicos como óleo, café e tomate mais do que dobraram de preço entre 2020 e 2022, segundo o Dieese. O preço médio de um botijão de gás, que era de R$ 70 no início de 2020, subiu para R$ 109 em março de 2022, alta de 57% em dois anos.
Essa elevação tem obrigado os brasileiros mais pobres a procurarem combustíveis alternativos e, muitas vezes, perigosos, como lenha e álcool. O alto preço da carne também levou a uma mudança nos pratos dos brasileiros. Em 2021, o consumo de carne no Brasil foi o menor dos últimos 25 anos.
Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino