No Dia Internacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, milhares de pessoas ocuparam as ruas do país neste domingo (1º) contra a inflação, o desemprego e a fome. Foi o fim de um hiato de dois anos sem manifestações do 1º de Maio por causa da pandemia de coronavírus.
Os atos político-culturais foram convocados em todo o país por centrais sindicais, organizações e movimentos populares. Houve também a participação de trabalhadores formais e informais, além de desempregados.
O tom geral foi de insatisfação com a política econômica e aos arroubos antidemocráticos do governo de Jair Bolsonaro (PL), que impõe cada vez mais a piora das condições de vida da classe trabalhadora.
:: Lula: "trabalhadores vão voltar a sentar à mesa para discutir o país” ::
Em São Paulo (SP), o destaque foi o discurso do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, fundador e líder histórico do Partido dos Trabalhadores (PT). Lula defendeu que os trabalhadores e seus representantes vão voltar a participar das definições dos rumos do país.
“Vocês serão convidados para sentar em uma mesa de negociação para a gente restabelecer as condições de trabalho e os direitos dos trabalhadores, para discutir com seriedade a aposentadoria dos trabalhadores e para discutir a política de saúde”, bradou o ex-presidente diante da multidão.
Veja como foram os atos pelo Brasil:
Em Brasília (DF), trabalhadores celebraram o 1º de Maio no estacionamento da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Na programação, música, cinema e política. As falas foram de esperança em um país com emprego, renda e comida no prato.
"Esse é um dia que rememora todas as lutas que nós tivemos ao longo dos anos, desde o século 19 com os mártires de Chicago, as lutas pela jornada de trabalho de oito horas e as greves por direitos. Boa parte deles arrancados com o golpe de 2016”, afirmou Rodrigo Rodrigues, presidente da CUT-DF.
Em Fortaleza (CE), a concentração foi na Areninha do bairro Pirambu. Manifestantes levaram cartazes lembrando os 12 milhões de desempregados. O ato contou com representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da CSP Conlutas, entre outras organizações.
No sertão de Pernambuco, Petrolina (PE) foi palco de um ato político na feira do São Gonçalo, zona oeste da cidade. A proposta da organização foi dialogar com os trabalhadores que garantem a comida na mesa da população.
Em Belo Horizonte (MG), o 1º de Maio começou com um ato na praça Afonso Arinos. A marcha seguiu até a praça da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde acontecia a feira da Reforma Agrária do MST. Já na capital Recife, centrais sindicais realizaram um ato no Parque Treze de Maio, área central da cidade. Adesivos, jornais e panfletos foram distribuídos durante o evento, enquanto atrações culturais eram intercaladas com falas políticas.
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O ato em Maceió (AL) reuniu movimentos do campo e da cidade na orla da capital alagoana. A multidão bloqueou o trânsito na avenida litorânea. Uma comitiva de trabalhadores dos Correios denunciou a intenção do governo federal de privatizar a estatal.
Já na região Sul, mais de mil manifestantes se reuniram em Florianópolis (SC) para fazer do 1° de Maio mais um dia histórico de luta em defesa dos direitos, da democracia, da vida e pelo fim do governo Bolsonaro.
Em Ortigueira (PR), no norte do Paraná, uma cavalgada marcou o 1º de Maio na comunidade Maila Sabrina. Mais de mil cavaleiros e amazonas percorreram oito quilômetros até chegar na sede da escola da comunidade.
"Todos nós aqui somos trabalhadores e dependemos dessa classe, então é com muita honra que nós estamos aqui festejando com muito orgulho de ser trabalhador. E mais uma coisa que nós precisamos lembrar, nos temos que erguer a mão pra cima e festejar de verdade porque nós estamos vivos e sobrevivemos a uma pandemia", disse Sérgio de Oliveira, integrante da coordenação da comunidade Maila Sabrina.
Edição: Monyse Ravena