O Twitter confirmou na tarde desta segunda-feira (25) a venda da companhia para o bilionário Elon Musk por US$ 44 bilhões (cerca de R$ 214 bilhões na cotação de hoje), após acordo que fixou o valor de US$ 54,20 por ação. De acordo com nota da empresa, o preço representa um acréscimo de 38% sobre o valor vigente à época do fechamento em 1º de abril, último dia de negociações antes de Musk adquirir 9% das ações.
"O Conselho do Twitter conduziu um processo atencioso e abrangente para avaliar a proposta de Elon com um foco deliberado em valor, certeza e financiamento. A transação proposta fornecerá um prêmio em dinheiro substancial, e acreditamos que é o melhor caminho a seguir para os acionistas do Twitter", pontuou o presidente do conselho independente da companhia, Bret Taylor.
Ao selar a compra, o bilionário foi à rede social para novamente associar a negociação com a "liberdade de expressão". "Eu também quero transformar o Twitter em algo melhor do que nunca ao melhorar os produtos com novos recursos, tornando os algoritmos em código aberto para melhorar confiança, atacando robôs de spam e autenticando todos os humanos. O Twitter tem imenso potencial — e eu estou ansioso para trabalhar com a companhia e a comunidade usuários para destravar isso."
Os interesses de Elon Musk com a rede social
O bilionário dono da Tesla fez a chamada "oferta hostil" (quando a empresa pode ser comprada mesmo sem anuência do conselho de administração) para ter o controle total do Twitter, em 13 de abril. Na ocasião, em entrevista ao Brasil de Fato, o sociólogo, professor da Universidade Federal do ABC e pesquisador das redes digitais Sergio Amadeu apontava que o objetivo de Musk é formar um truste digital.
"A proposta bastante agressiva de adquirir o controle total do Twitter vem no sentido de conseguir ter uma rede social de relevância. Na verdade, Musk percebeu o que outros como Jeff Bezos (Amazon), Microsoft e Apple já tinham percebido, as grandes 'big techs' tentam ser plataformas que atuam nas mais diversas áreas", disse.
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"O Google, por exemplo, saiu de um mecanismo de buscas para adquirir um repositório de vídeos; depois, já era importante na máquina de e-mails, foi comprando outros coisas e se torna um importante truste digital. Todas essas grandes empresas de tecnologia tentam ser cadeias complexas que organizam diversas plataformas e muitas delas dominam mercados específicos."
Não é sobre liberdade
Em artigo publicado no Brasil de Fato, a advogada e integrante da Coalizão Direitos na Rede, Flávia Lefèvre, também abordou a questão, pontuando que a compra não tem qualquer relação com a eventual defesa da liberdade de expressão, como gosta de repetir Musk.
"É sintomático que ele tente se apropriar do discurso da liberdade de expressão, mas ao mesmo tempo não haja traços no seu discurso de preocupação com o valor da igualdade. E é compreensível pois, na verdade, o que ele defende é o liberalismo e não a liberdade de expressão, dois conceitos bem diferentes e que não se confundem", argumentou a advogada.
Edição: Felipe Mendes