O ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parra, comentou a primeira reunião entre autoridades cubanas e estadunidenses, realizada na última quinta-feira (21), em Washington, para retomar acordos migratórios bilaterais. Segundo o chanceler, o encontro foi positivo, mas os EUA ainda favorecem a emigração irregular, ilegal e insegura a partir de Cuba.
"O que há de novo é que os EUA impuseram vistos de trânsito específico para imigração cubana em terceiros países e ainda os obriga a reduzir a cifra de ingresso dos cubanos", disse em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (25).
Rodríguez Parra ainda questionou quando a Casa Branca cumprirá com o pacto assinado em 2017, que previa a emissão anual de 20 mil vistos a cubanos. "Quantos vistos serão dados em 2022? O que acontecerá com a reunificação familiar?", questionou o chanceler.
Leia também: Cuba aprova primeira lei contra crimes cibernéticos: veja o que isso representa
De acordo com o censo estadunidense de 2019, cerca de 1.359.990 cubanos vivem nos Estados Unidos, representando a terceira maior comunidade latina do país.
Apesar do bloqueio econômico, que desde 1962 gerou cerca de US$ 147,8 bilhões em prejuízos à Cuba, a Lei de Ajuste Cubano, assinada em 1966, estabelece uma série de facilidades para a permanência de imigrantes cubanos que ingressam nos Estados Unidos, seja de maneira legal ou ilegal.
Somente em 2022, cerca de 1 milhão de imigrantes foram detidos na fronteira sul dos EUA. Desse total, 32 mil cubanos foram presos em março, quase o dobro das 16,5 mil detenções registradas em fevereiro pelo serviço imigratório estadunidense.
"Os EUA carecem de moral para falar de direitos humanos. Violam direitos das minorias, discriminam afrodescendentes, há exploração de trabalho nas prisões privadas, promovem guerras e mantêm cárceres secretas em todo o planeta", denunciou Rodríguez Parra.
Cúpula das Américas
O chanceler cubano ainda comentou a possível exclusão de Cuba da Cúpula das Américas, que será realizada em junho deste ano, em Los Angeles, nos Estados Unidos. A ilha foi o primeiro e único país do continente americano a ser banido da Organização dos Estados Americanos (OEA). Apesar de estar fora do organismo há décadas, o governo cubano sempre enviou representantes às cúpulas continentais. O encontro acontece a cada quatro anos e nesta edição terá o lema "construir um futuro sustentável, resiliente e equitativo no nosso hemisfério".
"O país anfitrião não tem nenhum direito a impor exclusões arbitrárias", declarou Rodríguez após denunciar que as autoridades estadunidenses impediram a participação da delegação cubana nas atividades preparatórias do evento.
Edição: Thales Schmidt