Com o cancelamento do carnaval de rua no Rio de Janeiro, 140 blocos e associações lançaram um manifesto pelo direito aos desfiles mesmo sem a infraestrutura para a festa. A programação não oficial que circula nas redes sociais já inclui mais de 60 cortejos nas ruas da capital a partir desta quarta-feira (20) até domingo (24).
O manifesto destaca que o carnaval é uma expressão popular, livre de interesses comerciais e patrocinadores. E ainda que o incentivo ao carnaval está previsto na Lei Orgânica do Município para garantir recursos e a estrutura urbana necessária para a festa.
"Diversas manifestações carnavalescas, de bate-bolas a blocos acústicos, conseguem ocorrer independente do apoio do poder público e vão para a rua. Nem todo mundo que assinou o manifesto vai para a rua, mas todo mundo que assinou defende o direito de quem pode e quer ir pra rua porque é um direito", afirma Tomás Ramos, membro do Ocupa Carnaval, ao Brasil de Fato.
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Tomás, que também é saxofonista, aponta que haverá desfiles na Sapucaí e na Intendente Magalhães. Por isso, para ele, proibir o carnaval de rua por causa da pandemia não faz mais sentido. "A prefeitura renegou blocos e grupos carnavalescos que fizeram a história do carnaval do Rio junto com as escolas de samba", completa.
O prefeito Eduardo Paes (PSD) declarou em visita aos barracões das escolas de samba do Grupo Especial que a Guarda Municipal não vai reprimir os foliões. Na data do carnaval em fevereiro, alguns blocos circularam na cidade também sem autorização.
“Não vou sair correndo atrás de folião. O que a gente pede é a compreensão das pessoas. Só faltava agora botar Guarda Municipal atrás de folião. Isso não vai acontecer. A gente tem permitido que a cidade celebre, que seja vivida a vida. A cidade está cheia, as ruas estão cheias, bares e restaurantes lotados. A cidade está aberta, está celebrando. Não vou ficar atrás de folião nem por um decreto", disse Paes.
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Para os vendedores ambulantes, o carnaval é a principal fonte de renda do ano. Maria dos Camelôs, do Movimento Unido dos Camelôs (MUCA), afirma que a categoria também vai estar nas ruas.
"Onde os blocos estiverem os camelôs estão trabalhando também. Aqueles que conseguirem se organizar, comparar mercadoria para o carnaval, vão trabalhar. É o que a gente presenciou em fevereiro e o que a gente escuta na rua dos camelôs que estão correndo atrás pra saber onde vão estar os blocos. Eu vou estar na rua todos os dias. Carnaval é protesto, povo na rua, direito nosso", defende Maria.
Edição: Mariana Pitasse