São Paulo – O livro “Como Conversar com um Fascista”, da filósofa e escritora Marcia Tiburi, pode virar filme. Estão cotados para atuar na adaptação nomes de peso do cinema mundial como Juliette Binoche e Vincent Cassel. A negociação está em curso pela produtora franco-brasileira Filmz, comandada pelo cineasta Daniel Zarvos, que se diz animado com o projeto. “O cinema brasileiro vai voltar a ser a bola da vez”, afirma.
A direção deve ser assinada pela cineasta Liliane Mutti que, atualmente, percorre festivais com um curta-metragem sobre o assassinato de Marielle Franco. “Em tempos de reeleição de Viktor Orbán na Hungria, de extrema direita ameaçando mais uma vez o segundo turno na França, além do próprio cenário político brasileiro, a adaptação de ‘Como Conversar com um Fascista’, para o cinema é mais do que necessária”, avalia.
Não será a primeira vez que o texto de Marcia será adaptado. Em 2018, Zélia Duncan e Paulo Betti encenaram os papeis principais em uma peça teatral. “Eu estou adorando pensar o roteiro a partir da peça. É um desafio altamente instigante para mim, pois já escrevi vários estudos e ensaios sobre o fascismo contemporâneo. Mas infelizmente esse tema não cessa de se atualizar na prática e na vida cotidiana”, diz a filósofa.
“Pesadelo coletivo”
Marcia reafirma a urgência do tema de seu livro. “O fascismo nos coloca em uma sensação de pesadelo coletivo e espero que o filme possa nos ajudar a refletir sobre esse avanço. O filme deverá ter um tom de thriller filosófico, para fazer refletir com profundidade e criar consciência do perigo que se corre hoje com o avanço desse regime baseado na manipulação de massa através do ódio”.
O livro de Marcia Tiburi aborda, como fica claro pelo título, uma conversa com um representante das novas formas de fascismo que ganham espaço em diferentes países.
“Acho que estamos vivendo uma espécie de escândalo fascista. Há um momento de avanço da espetacularização fascista no dia a dia. O que está estarrecendo todo mundo é essa autorização pessoal que vemos nas ruas, o medo por estar com uma roupa vermelha ou por ter uma posição crítica da sociedade. O que chama a atenção dessas figuras que têm se jogado numa forma de pressão fascista, preconceituosa, agressiva e, sobretudo, autorizada para expressar a intolerância”, afirmou Tiburi, ainda em 2016, em entrevista à repórter Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.