Rio de Janeiro

Por que saiu?

Investigado por assédio e coação, superintendente do Incra no Rio é exonerado do cargo

Cassius de Almeida Silva é investigado pelo Ministério Público Federal após denúncias feitas por famílias assentadas

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Em 2018, Cassius candidatou-se ao posto de deputado estadual pelo Rio de Janeiro - Foto: Reprodução/Facebook

Cassius Rodrigo de Almeida Silva foi exonerado do cargo de superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária no Estado do Rio de Janeiro. O ex-funcionário, que é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) por assédio e coação de assentados, foi afastado da função no dia 3 de março pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Teresa Cristina Correa da Costa Dias. 

Embora o ex-superintendente não tenha sinalizado em suas redes sociais uma possível candidatura política, a saída de Cassius do cargo coincide com o prazo de desincompatibilização estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ou seja, de afastamento, em caráter definitivo ou temporário, de um pré-candidato de determinado cargo ou função pública. 

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Em 2018, o biólogo de formação candidatou-se ao posto de deputado estadual pelo Rio de Janeiro pela coligação Solidariedade/ PTB e obteve 3.300 votos, não se elegendo para uma cadeira no legislativo do estado. 

Nos últimos meses, Cassius tem usado a rede social para exaltar os feitos do governo de Jair Bolsonaro (PL) e atacar os partidos progressistas. 
O ex-superintendente foi substituído por Leandro Pires Conti Guimarães, que é ocupante efetivo no cargo de geógrafo no Incra desde 2004. 

Repercussão 

A exoneração de Cassius foi bem recebida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Para Luana Carvalho, da Direção Nacional do MST no Rio, a expectativa é que a mudança amplie o diálogo do órgão com os movimentos sociais.  

"Para nós foi uma grande conquista a saída do Cassius da Superintendência do Incra no Rio. Ele é bolsonarista e vinha aplicando uma política de colocar o nosso povo contra o MST, de cooptar e desestruturar a nossa área de assentamento. Fazia política de promessas, mas que nada foi cumprido. O objetivo do Cassius era tirar a força do MST no Rio. Vemos como conquista essa exoneração. Esperamos que o atual superintendente possa abrir um atual canal de diálogo com os movimentos sociais para que a gente possa implementar essa pauta da reforma agrária e dar prosseguimento a ela no estado do Rio de Janeiro", comentou.


Em postagens, o ex-superintendente não poupa elogios ao governo Bolsonaro / Foto: Reprodução/Facebook

Sob Suspeita

O trabalho de Cassius à frente do Incra foi alvo de uma investigação do Ministério Público Fderal (MPF) após denúncias de assédio e coação contra assentados da reforma agrária no interior do estado.   

Como mostrou reportagem do Brasil de Fato, as denúncias contra o ex-superintendente começaram em abril de 2021 a partir da assinatura de contratos para a liberação de créditos habitacionais de até R$ 34 mil para a construção de moradia nos projetos de reforma agrária criados ou reconhecidos pelo Incra.

Segundo os advogados que representam os assentados, o ex-superintendente coagiu as famílias a assinarem documentos e a transferirem o recurso financeiro para uma empresa não cadastrada no órgão que seria a responsável pela obra.

A reportagem procurou o Ministério Público Federal (MPF) sobre o caso. O órgão informou que não comenta investigações que estão em andamento. 

Edição: Mariana Pitasse