Compras do governo

Defesa investe em Viagra e internet não perdoa; deputados suspeitam de superfaturamento

Forças armadas aprovaram aquisição de mais de 35 mil comprimidos comumente usados para tratar disfunção erétil

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Segundo forças armadas, medicamento foi adquirido para tratar Hipertensão Arterial Pulmonar - ©Roslan Rahman / AFP

Cobranças por explicações, piadas e memes deram o tom das reações à notícia de que o Ministério da Defesa aprovou a compra de 35.320 comprimidos de Viagra para o Exército, a Marinha e a Aeronáutica. A substância é conhecida por tratar casos de disfunção erétil.

Além da compra inusitada, parlamentares desconfiam de superfaturamento no processo. A denúncia levou os deputados federais Elias Vaz (PSB-GO) e Marcelo Freixo (PSB-RJ) a acionar o Ministério Público Federal para pedir investigações sobre os indícios de sobrepreço.

Segundo levantamento dos dois parlamentares, os valores pagos pelo governo Bolsonaro podem ser até 143% mais caro do que os praticados no mercado.

Entre 2020 e 2021 foram autorizados pelo menos oito pregões que ainda estão valendo. Os processos foram identificados no Portal da Transparência e no Painel de Preços do governo pela equipe de Elias Vaz.

O parlamentar também protocolou um pedido para que o Ministério da Defesa explique os motivos para aquisição do medicamento. Mais de 28 mil comprimidos do Sildenafila (nome genérico do Viagra) foram para a Marinha. Exército e Aeronáutica receberam, respectivamente, 5 mil e 2 mil unidades. 

Nas redes sociais, o assunto foi alvo de críticas e humor.

O Ministério da Defesa não se pronunciou até a noite desta segunda-feira (11), mas Marinha e Exército divulgaram notas sobre o assunto. Nos textos, as duas forças informam que o medicamento foi adquirido para casos de hipertensão arterial pulmonar (HAP).

Segundo a Marinha, a síndrome "pode ocorrer associada a uma variedade de condições clínicas subjacentes ou a uma doença que afete exclusivamente a circulação pulmonar. Trata-se de doença grave e progressiva que pode levar à morte." Já a Aeronáutica ressaltou também que "a utilização para o tratamento da disfunção erétil não se encontra priorizada nesse tipo de aquisição".

O uso do Sildenafil é previsto em tratamentos de HAP há mais de uma década, associado a outros medicamentos e a medidas não farmacológicas, como prática de exercícios físicos e mudanças na alimentação.

Edição: Rodrigo Durão Coelho