Cobranças por explicações, piadas e memes deram o tom das reações à notícia de que o Ministério da Defesa aprovou a compra de 35.320 comprimidos de Viagra para o Exército, a Marinha e a Aeronáutica. A substância é conhecida por tratar casos de disfunção erétil.
Além da compra inusitada, parlamentares desconfiam de superfaturamento no processo. A denúncia levou os deputados federais Elias Vaz (PSB-GO) e Marcelo Freixo (PSB-RJ) a acionar o Ministério Público Federal para pedir investigações sobre os indícios de sobrepreço.
Segundo levantamento dos dois parlamentares, os valores pagos pelo governo Bolsonaro podem ser até 143% mais caro do que os praticados no mercado.
Entre 2020 e 2021 foram autorizados pelo menos oito pregões que ainda estão valendo. Os processos foram identificados no Portal da Transparência e no Painel de Preços do governo pela equipe de Elias Vaz.
O parlamentar também protocolou um pedido para que o Ministério da Defesa explique os motivos para aquisição do medicamento. Mais de 28 mil comprimidos do Sildenafila (nome genérico do Viagra) foram para a Marinha. Exército e Aeronáutica receberam, respectivamente, 5 mil e 2 mil unidades.
Nas redes sociais, o assunto foi alvo de críticas e humor.
O governo Bolsonaro autorizou a compra de 35 mil comprimidos de Viagra pelas Forças Armadas. É um deboche com milhões de brasileiros que sofrem com a falta de medicamentos nos postos de saúde. O Ministério Público tem que investigar essa farra com dinheiro público.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) April 11, 2022
Bolsonaro ignorou 101 e-mails da Pfizer sobre vacina mas foi bem rápido pra comprar VIAGRA da Pfizer pros generais babões do governo.
— Thiago Brasil (@ThiagoResiste) April 11, 2022
35 mil comprimidos!
O exército brasileiro
— Juliana #StandWithUkraine 🇺🇦 (@ajulysantos) April 11, 2022
Vacinas Viagra pic.twitter.com/WfGBq3KNr1
O carregamento de Viagra chegando pic.twitter.com/y46VGtbj3X
— Luduvicu (@luduvicu) April 11, 2022
E-mail da Pfizer oferecendo Viagra para as Forças Armadas foi respondido em cinco minutos pic.twitter.com/1Fx2U1aOC1
— Sensacionalista (@sensacionalista) April 11, 2022
Não basta picanha e leite condensado: nós bancamos VIAGRA para as forças armadas. Acho que isso explica muita, mas MUITA coisa dos militares no Brasil...https://t.co/9qknw5xGYj
— Tassio Denker (@TassioDenker) April 11, 2022
“Forças Armadas aprovam compra de 35 mil unidades de viagra!”. Pra manter a dita dura! As forças armadas!
— José Simão (@jose_simao) April 11, 2022
O Ministério da Defesa não se pronunciou até a noite desta segunda-feira (11), mas Marinha e Exército divulgaram notas sobre o assunto. Nos textos, as duas forças informam que o medicamento foi adquirido para casos de hipertensão arterial pulmonar (HAP).
Segundo a Marinha, a síndrome "pode ocorrer associada a uma variedade de condições clínicas subjacentes ou a uma doença que afete exclusivamente a circulação pulmonar. Trata-se de doença grave e progressiva que pode levar à morte." Já a Aeronáutica ressaltou também que "a utilização para o tratamento da disfunção erétil não se encontra priorizada nesse tipo de aquisição".
O uso do Sildenafil é previsto em tratamentos de HAP há mais de uma década, associado a outros medicamentos e a medidas não farmacológicas, como prática de exercícios físicos e mudanças na alimentação.
Edição: Rodrigo Durão Coelho