Conhecida como "a dama da literatura brasileira", a escritora paulista Lygia Fagundes da Silva Telles faleceu, aos 98 anos, em São Paulo. Integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL), ela era a quarta ocupante da Cadeira nº 16 da ABL, tendo sido eleita em outubro de 1985, na sucessão de Pedro Calmon.
A autora, que completaria 99 anos no próximo dia 19 de abril, publicou ao longo de sua carreira, iniciada no final dos anos 1930, romances e contos de grande importância.
Lygia estudou Direito e Educação Física antes de se dedicar exclusivamente à literatura. Considerada pela crítica e por seus pares um dos nomes mais relevantes da literatura brasileira, sua obra – composta de 18 livros de contos e quatro romances – é internacionalmente reconhecida e premiada, tendo superado a marca de três milhões de exemplares vendidos.
Entre os prêmios de sua carreira estão Camões (2005), e o Jabuti (1966, 1974, 1996 e 2001). Por sua contribuição para a literatura brasileira, foi indicada pela União dos Escritores Brasileiros para concorrer ao Prêmio Nobel. Também foi uma das autoras do "Manifesto dos Intelectuais" contra a censura do regime militar em 1977.
Na juventude, conviveu com intelectuais modernistas que circulavam no Largo de São Francisco, no centro de São Paulo, entre eles Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Paulo Emilio Salles Gomes, que veio a ser seu segundo marido. Aproximou-se da poeta Hilda Hilst de quem se tornou amiga e confidente. Com o primeiro marido, o jurista e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), Goffredo da Silva Telles Jr, teve o único filho, Goffredo da Silva Telles Neto, que viria a ser cineasta.
Em uma publicação nas redes sociais, Lucia Riff, agente da escritora lamentou: “Conheci a Lygia em 1984, na Editora Nova Fronteira, no início da minha carreira, e logo nos tornamos próximas. Quando a agência foi criada, em 1991, Lygia foi uma das primeiras autoras que passamos a representar. Em 2005, vivemos um momento lindo, quando estivemos em Portugal para a cerimônia de entrega do Camões. Toda vez que ia a São Paulo, nos encontrávamos e era sempre uma inspiração para mim que tive o privilégio de conviver com ela. Lygia foi uma mulher de vanguarda, uma feminista, forte e corajosa e deixou uma obra extraordinária.”
(Com informações Agência Riff)
Edição: Marina Duarte de Souza