Bolsonaro, na prática, sempre foi - e continua a ser - contra a liberdade de expressão
Fora Bolsonaro! Esse foi o grito que se ouviu de 25 a 27 de março no festival de música Lollapalooza.
O repúdio ao ocupante da cadeira mais importante do país já era esperado mas intensificou-se quando os bolsonaristas resolveram censurar as manifestações políticas dos artistas.
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Bastou a cantora Pabllo Vittar entrar com uma bandeira do presidente Lula em demonstração de apoio à sua candidatura à Presidência, para que o partido de Bolsonaro corresse ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para proibir as manifestações políticas no festival, sob argumento de campanha eleitoral antecipada.
Nada mais obtuso e um verdadeiro tiro no pé do bolsonarismo, pois ninguém obedeceu e o Fora Bolsonaro virou unanimidade entre os artistas e o público que os assistia.
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Além do próprio ministro voltar atrás em sua decisão inicial, o partido proponente, o PL, ao qual Bolsonaro está filiado, desistiu da ação. Mas na história ficará registrado, mais uma vez, que, para Bolsonaro, liberdade, é apenas uma palavra dita e repetida em vão, pois ele, na prática, sempre foi - e continua a ser - contra a liberdade de expressão, garantida na nossa Constituição.
Enquanto tenta censurar a liberdade de expressão, o presidente e sua turma continuam a espalhar fake news, numa clara demonstração que seguem a mesma tática de 2018, de se amparar nas mentiras, pois só assim conseguem se manter no poder, enganando o povo, espalhando inverdades, ofendendo e a honra daqueles que lutam por um país melhor. Eles acreditam que defender o fechamento do Congresso e do Supremo, ameaçando as autoridades, é liberdade de expressão, mas mostrar uma bandeira num show é propaganda antecipada.
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Bolsonaro está em campanha eleitoral desde 2016. Mesmo presidente da República, vive promovendo factoides, contrariando a legislação, utilizando dinheiro público em lives na internet, motociatas e passeios à praia, promovendo aglomerações durante a pandemia; tudo para fazer campanha eleitoral antecipada, de forma ilegal. E nada é feito para impedir que continue a ilegalidade.
A condenação do público, dos artistas e das pessoas em geral, ao arroubo ditatorial expresso por Bolsonaro, mostra que a sociedade não mais aceita a censura. “Como diz Cármem Lúcia, cala a boca já morreu quem manda na minha boca sou eu”, afirmou Lulu Santos no palco de sua apresentação, em referência a uma afirmação da Ministra do Supremo Tribunal Federal (STF).
A verdade é que historicamente, os artistas e a juventude (maioria no Lollapalooza) nunca aceitaram a censura; sempre foram polos de resistência em defesa da liberdade de expressão e da democracia. E assim continuará sendo, porque não há nada mais velha e mau cheirosa do que a censura, marca da ditadura que felizmente superamos no Brasil.
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Para deixar esse atraso definitivamente para trás, precisamos derrotá-los nas urnas em outubro próximo, elegendo um governo comprometido com a verdade, a transparência, a vida, a liberdade de expressão e a cultura. Por mais festivais a nos lembrar que o novo sempre vem e que podemos ter esperança de construir um país para todos.
Ah, e para não perder o coro: Fora Bolsonaro!
*Vanessa Grazziotin é ex-senadora da República e membro do Comitê Central do PCdoB. Leia outros artigos.
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Vivian Virissimo