Coluna

Se trata de abrir o rumo: Movimento Brasil Popular

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É nesse espírito construtivo e de unidade, que nos comprometemos em olhar para a frente e encarar os enormes desafios da classe trabalhadora - Guilherme Gandolfi
Novo movimento político nasce demarcando o compromisso com a luta antirracista estrutural

“Os que virão, serão povo,

E saber serão, lutando”.

Thiago de Mello

O povo brasileiro enfrenta uma das maiores crises da nossa história, uma crise econômica e social na qual mais de 19 milhões de brasileiros passam fome e mais de 14 milhões estão desempregados. Uma crise sanitária que, devido à política negacionista do governo Bolsonaro, matou mais de 650 mil pessoas na pandemia da covid-19. Uma crise ambiental que registrou os maiores índices de queimadas na Amazônia, Pantanal, assim como as fortes chuvas que atingiram o sul da Bahia e Petrópolis. Uma crise política que feriu nossa frágil democracia com o golpe contra o governo Dilma, a prisão injusta e ilegal de Lula e a ascensão de um movimento neofascista que levou Bolsonaro à presidência do país.

Para enfrentar essa crise, setores da esquerda brasileira abriram balanços e reflexões sobre nossos erros e acertos, na perspectiva de apontar as saídas para esse momento. É nesse contexto que a Assembleia Nacional Luís Gama funda uma nova organização e define os passos necessários para dar nossa contribuição na construção de um projeto popular, soberano e socialista.

O novo movimento político nasce demarcando o compromisso com a luta antirracista estrutural, na construção da revolução brasileira. Numa assembleia que homenageia Luís Gama e se inspira na sua luta, afirmamos a necessidade de realizar a segunda independência que complete a abolição inacabada. Sendo assim, conectados com os desafios da realidade brasileira atravessada pelo racismo que mata cotidianamente negros e negras moradores das periferias, que nega os direitos sociais a essa maioria da população, que superexplora a classe trabalhadora negra com salários inferiores aos brancos e relega esses sujeitos aos postos de trabalho mais precarizados, nos comprometemos com a luta por um projeto de desenvolvimento nacional a serviço do povo brasileiro que combata o racismo nas suas diversas expressões.

Partindo da compreensão que as transformações profundas que o nosso país necessita passam, impreterivelmente, pelo envolvimento de milhões de trabalhadores e trabalhadoras na luta pelas reformas estruturais, abrimos nossa organização para que caibam nas nossas fileiras o conjunto do povo brasileiro. No Movimento Brasil Popular queremos acolher o professor, a empregada doméstica, o sem-teto, a sem-terra, a profissional da saúde, a petroleira, o metalúrgico, a juventude, as mulheres, negros e negras, pessoas LGBTIA+, e toda diversidade da classe trabalhadora brasileira. Se a organização e o protagonismo popular são fundamentais para transformar o nosso país, esses sujeitos precisam ser parte ativa na construção da nossa organização, nas palavras de Thiago de Mello “principalmente aos que sofrem na própria vida, a garra da opressão, e nem sabem”.

Em consonância com essa afirmação, também decidimos entre os mais de 500 militantes presentes na assembleia em Minas Gerais que “é tempo, sobretudo, de deixar de ser apenas a solitária vanguarda de nós mesmos”. Para superar a crise brasileira e avançar na construção de um Brasil Popular, a unidade não é uma escolha, é uma necessidade. Por isso, nos comprometemos em fortalecer a unidade do campo democrático e popular, especialmente na relação com a Central Única dos trabalhadores (CUT) e o Partido dos Trabalhadores (PT). Tratam-se de dois instrumentos da classe trabalhadora fundamentais para o avanço da organização do povo e para derrotar o bolsonarismo. Por isso, de acordo com os desafios da luta de classes, fortalecermos uma relação orgânica com esses dois instrumentos.

Além disso, afirmamos que a construção da revolução brasileira passa pela disputa de hegemonia na sociedade e que há tarefas imediatas a serem desenvolvidas nesse caminho até nosso objetivo final. Portanto, aprovamos nessa assembleia a necessidade da combinação das formas de luta ideológica, social e institucional, com centralidade na organização popular. Entendemos que é preciso apresentar o nosso projeto e disputar a sociedade em todas as esferas: nas ruas, nas redes e nas urnas. E como consequência dessa afirmação vamos lançar nossas candidaturas próprias nas eleições, vamos nos dedicar para fortalecer o trabalho popular especialmente nas periferias urbanas, e fortaleceremos os instrumentos de luta ideológica, a exemplo do Brasil de Fato.

Por fim, é nesse espírito construtivo e de unidade que nos comprometemos em olhar para a frente e encarar os enormes desafios da classe trabalhadora. E apontamos como tarefa central do ano de 2022 a construção dos comitês populares para organizar a referência de Lula na massa de trabalhadores brasileiros em torno de um projeto popular para o Brasil, com objetivo de eleger Lula presidente, derrotar o bolsonarismo e construir as bases de organização popular necessárias para concretizar o programa da classe trabalhadora num possível governo popular. É com alegria e muita energia para fortalecer a luta do nosso povo que convidamos todos e todas a conhecer o Movimento Brasil Popular!

 

*Jessy Dayane é militante e membro da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude e do Movimento Brasil Popular. Sergipana e ex-vice presidenta da UNE, atualmente estuda Direito em São Paulo. Leia outros textos.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Raquel Setz