No Rio de Janeiro, o recém fundado Movimento Brasil Popular, em conjunto com outros partidos políticos e movimentos sociais, quer eleger o ex-presidente Lula no primeiro turno e impulsionar candidaturas progressistas com organização de comitês espalhados pelo estado.
A estratégia é nacional, porém ainda mais desafiadora no estado onde o presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece em situação de maior vantagem em comparação aos demais da região Sudeste.
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Na avaliação do coordenador nacional do Movimento Brasil Popular Breno Rodrigues, a disputa institucional vai além de derrotar o bolsonarismo que ocupa o Palácio do Planalto, governos e casas legislativas. A expectativa também é recuperar na sociedade o interesse pela formação política e a participação efetiva no processo de retomada do país nos próximos anos.
“A gente quer construir milhares de comitês populares no Brasil reforçando não só essas candidaturas, mas fazendo também com que esse movimento seja profundo de conscientização política. Não basta eleger Lula, claro que é fundamental e vamos trabalhar para isso, mas é importante povo organizado e participando dos rumos da política para puxar esse governo e os mandatos parlamentares para combater as medidas impopulares que foram construídas, sobretudo nos últimos anos, depois do golpe”, afirma Breno.
Mobilização
A centralidade da mobilização popular é reforçada pela nova organização que surge com o acúmulo histórico da Consulta Popular, criada em 1997. A assembleia que marcou a fundação do Movimento Brasil Popular teve como referência Luís Gama, patrono do abolicionismo. Quase 600 militantes estiveram no encontro e reafirmaram o compromisso com a luta anti racista no projeto popular.
“As transformações no Brasil só serão feitas com o povo e a partir do povo brasileiro, que é sobretudo preto. Somente esse povo pode fazer as transformações radicais que a gente precisa no Brasil. Esse é mais um compromisso do nosso projeto e deve permear tanto a organização interna quanto o projeto político de transformação. Uma das causas do racismo construído no Brasil é retirar a população do fazer político”, complementa Rodrigues.
Para Míriam Starosky, também da coordenação nacional do Movimento Brasil Popular, os comitês estarão inclusive “nos lugares onde as esquerdas não estão para as pessoas se identificarem, e conversar sobre problemas locais, pensar a cidade”. Ela afirma ainda que a participação popular nos governos progressistas foi decisiva para atuar nas tentativas de golpe na América Latina e, por isso, deve ser a base de sustentação do próximo governo do presidente Lula.
Ao todo, quase 600 militantes fazem parte do Movimento Brasil Popular no país com integrantes do Levante Popular da Juventude, do Movimento de Trabalhadores por Direitos (MTD), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) e do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM).
Edição: Mariana Pitasse