Nesta segunda-feira (14) se completa quatro anos do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol), mas as investigações continuam sem resolução sobre qual a motivação e quem foi responsável pelo crime que trouxe à tona questões não só políticas, mas também o debate sobre como gênero e raça podem influenciar na impunidade em casos como este.
Só no Rio de Janeiro, 67% das mulheres assassinadas no ano de 2019 eram negras, segundo o Atlas da Violências 2021. Casos como o de Marielle Franco, uma mulher negra que foi a quinta vereadora mais votada em 2016 e possuía histórico de trabalho reconhecido na área dos direitos humanos, podem estimular que outros crimes como este aconteçam.
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Marielle era formada em sociologia e sua trajetória de vida e profissional era em torno da luta por direitos da população LGBTQIA+, também contra o machismo e o racismo. A antropóloga e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Flávia Medeiros, explica em entrevista ao programa Central do Brasil, uma parceria da rede TVT com o Brasil de Fato, que o recado que este crime traz é de tentativa de desmobilização para que outras pessoas não se posicionem.
“O que mais me parece atual nesta discussão são as constantes ameaças que outras mulheres que ocupam lugares análogos ao que Marielle ocupava seguem sofrendo”, constata a professora.
Já a vereadora Thais Ferreira (Psol) relembra que mulheres negras sofrem com a impunidade sendo figuras públicas ou não e que isso reforça a existência de um sistema racista dentro da sociedade.
“Quando a gente pensa no caso da Marielle, a gente acha que vão ter que fazer alguma coisa já que é uma pessoa reconhecida, e quando a gente vê que não, o pensamento é ‘de que adianta?’. Acho que isso colabora muito para continuarem forçando a gente para este lugar marginal, para um lugar de controle, de que é melhor não sairmos de onde estamos porque se sairmos isso vai acontecer com a gente”, reforça a vereadora.
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A diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, a ativista Jurema Werneck, atenta para o fato de que todas as instituições não cumpriram seu dever para responder quem mandou matar Marielle. Para Werneck, Marielle deixou como semente mulheres negras que, assim como ela fazia, produzem trabalhos em defesa dos direitos humanos, e isso expões a necessidade de criar mecanismos de proteção para estas mulheres.
“As cidades, as câmaras de vereadores, as assembleias legislativas e o Parlamento brasileiro, ninguém criou protocolos para proteger estas mulheres da violência que elas estão denunciando de forma consistente. O conjunto da sociedade está devendo respostas, que deveriam surgir a partir da experiência do assassinato de Marielle”, afirma.
Edição: Mariana Pitasse