Às vésperas do 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, lideranças feministas do Rio de Janeiro se reuniram na noite desta sexta-feira (4) em uma transmissão ao vivo para debater e reafirmar as pautas que serão destaque nas mobilizações deste ano.
Marina Santos, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e Márcia Tiburi receberam convidadas de movimentos sociais, políticas e lideranças comunitárias. Para a escrita e filósofa, a fome é uma pauta central na vida das mulheres e faz parte de um projeto de destruição do país desde o golpe contra a presidente Dilma Rousseff.
Leia mais: "O popular no MST está muito à frente do que é vendido no 'pop' do agro", diz Marina dos Santos
"O Brasil é o país que voltou ao mapa da fome com Michel Temer. No contexto de neoliberalismo, da violência institucional, econômica, em relação à terra. No bojo do projeto de destruição do pais está também o envenenamento da população. Queremos uma vida mais justa, e não serão os homens fundamentalistas, racistas, heteronormativos e seus projetos de poder que vão realizar isso. Só tem uma chance para esse planeta, o ecosocial feminismo, que só o MST faz", disse Márcia Tiburi na live de aquecimento para o 8M.
“Pela Vida das Mulheres, Bolsonaro nunca mais! Por um Brasil sem machismo, sem racismo e sem fome!” é o lema nacional das mobilizações deste ano que acontecem em todo país. No Rio, o ato das mulheres está programado para na próxima terça-feira (8) a partir das 16h na Candelária, centro da cidade. Além da fome e do racismo, o ato vai denunciar o desemprego e repudiar o governo de Cláudio Castro (PL).
"Somente no estado do Rio, 1 milhão e 200 mil pessoas estão passando fome, isso segundo os dados oficiais. Pelo que a gente conhece, os lares dirigidos por mulheres pretas estão em situação muito pior. A fome tem cor, gênero, escolaridade", completou Marina do MST, pré-candidata a deputada no Rio de Janeiro do Partido dos Trabalhadores (PT).
Em ano eleitoral, o tema mulheres na política também foi um dos assuntos no evento online. A vereadora Tainá de Paula (PT) compartilhou a experiência de pautar a agenda feminista na política carioca.
"Sendo muito franca, é a partir das mulheres que eu me coloco à disposição de ser uma liderança deste campo. Não é uma tarefa fácil, o espaço de poder, principalmente político-eleitoral, é uma cena muito desejada pelo poder masculino. O patriarcado não abre mão de ser visto como liderança, mesmo que a maioria dos mandatos masculinos sejam mais do mesmo. As mulheres que se erguem e fazem política dão um recado claro para todas as outras", afirmou a parlamentar.
A transmissão está disponível na página do Instagram do Armazém do Campo RJ e contou ainda com as análises de Miriam Starosky, da Marcha Mundial das Mulheres, Titi da Penha, liderança comunitária do Complexo da Penha, Helena Bezerra, militante do Levante Popular na Juventude e Eleutéria Amora, coordenadora da Casa da Mulher Trabalhadora (Camtra).
Edição: Eduardo Miranda