O conflito entre a Rússia e Ucrânia, que começou na madrugada da última quinta-feira (24), tem o mundo em estado de alerta. Em cinco dias de guerra, cerca de 352 civis foram mortos e 1.684, feridos. De acordo com as Nações Unidas há 422 mil refugiados no país. A primeira rodada de negociação em Gomel, cidade em Belarus que faz fronteira com Rússia e Ucrânia, terminou sem sucesso após cinco horas de debate sobre o cessar-fogo, na última segunda (28). O suposto uso de armas termobáricas pelo exército russo abriu o debate sobre possível crime de lesa humanidade.
A Aviation Thermobaric Bomb of Increased Power (ATBIP), também conhecida como bomba de aerosol ou explosivo de ar combustível, é um tipo de munição de dois estágios. No primeiro estágio libera um aerosol de combustível à base de carbono com minúsculas partículas de metal, então uma segunda carga explosiva acende essa nuvem, criando uma bola de fogo, enquanto consome todo o oxigênio ao redor. Essa capacidade de "sugar" o ar ao redor é o que gera uma explosão de alta potência e dissipação de energia.
Estima-se que o calor gerado por essas bombas cheguem a 3 mil °C, suficiente para derreter metais como ferro. A onda de choque gerada pela bomba é capaz de causar danos sobre estruturas, construções, veículos e no corpo humano. A Marinha do Brasil, em artigo, destaca que pessoas localizadas a poucos metros do ponto de explosão de uma bomba termobárica podem ser desintegradas e aquelas a dezenas de metros ainda podem sofrer impactos severos no organismo.
Em ambientes fechados, a pressão gerada dentro do raio de detonação é, pelo menos, 29 vezes maior que a pressão atmosférica. O choque, produzido por uma arma termobárica, se propaga a uma velocidade de 3,2 km/s.
Os Estados Unidos também possuem tecnologia similar com a Mother of All Bombs (MOAB - mãe de todas as bombas). O Pentágono teria usado esse tipo de armamento na invasão ao Afeganistão no início dos anos 2000 e novamente em 2017. Além disso, Reino Unido e China também teriam desenvolvido suas próprias armas termobáricas.
Embora não haja confirmação oficial do uso de tais armas, imagens difundidas pelas ONGs Anistia Internacional e a Human Rights Watch mostraram lançadores de foguetes termobáricos nos veículos TOS-1 da Rússia.
Se a denúncia for verificada, a Rússia pode ser julgada por crimes de guerra. Na segunda (28), o procurador-geral do Tribunal Penal Internacional anunciou que “existe uma base razoável” para que o exército russo seja acusado de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
O suposto ataque a um jardim de infância e a um orfanato na cidade de Okhtyrka levou a Ucrânia a pedir uma investigação na CPI.
“Os ataques russos contra um jardim infantil e um orfanato são crimes de guerra e violações do Estatuto de Roma”, escreveu o ministro de Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba.
In light of the extraordinary urgency of the situation, we respectfully ask the International Court of Justice to hold a hearing on Ukraine’s request as soon as possible and call upon Russia to immediately halt all military activity in Ukraine. pic.twitter.com/XBha7KIMcp
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) February 28, 2022
Em resposta, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov assegurou que trata-se de uma burla. "Rechaçamos categoricamente. Rússia não é membro da Corte Penal Internacional", declarou.
Edição: Rodrigo Durão Coelho