Um comboio militar liderado pela Rússia se aproxima de Kiev e acende o alerta de autoridades ucranianas para um possível cerco e invasão da cidade, no sexto dia de conflito na região. Na tarde de terça (01) o ministro da Defesa russo, Igor Konashenkov, disse que seu país prepara ataques "de precisão" contra instalações do serviço secreto ucraniano e pediu para os cidadãos de Kiev residentes próximos a esses locais deixem suas casas.
"Pedimos para que os cidadãos ucranianos envolvidos em provocações contra a Rússia, assim como os residentes de Kiev que morem próximos a estações retransmissoras deixem suas casas", disse ele.
A coluna de veículos e peças de artilharia se estende por 60 quilômetros nos arredores da capital ucraniana, conforme imagens de satélite divulgadas pela empresa de tecnologia espacial norte-americana Maxar.
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Kiev abriga a sede do governo federal e a residência oficial do presidente Volodymyr Zelensky. Segundo informou a Maxar, os veículos russos ocupam uma área que vai “dos arredores do aeroporto Antonov (cerca de 25 km do centro de Kiev) no sul, até os arredores de Prybirsk, no norte".
O aeroporto é considerado uma infraestrutura estratégica para as forças russas e tem sido palco de combates desde o início da ofensiva. Kiev já havia sido atacada na segunda-feira (28), após reunião entre delegações da Rússia e da Ucrânia que terminou sem acordo. Uma nova rodada de negociações está prevista para os próximos dias, sem data definida.
Mortos, feridos e refugiados
Até ontem (28), o Ministério da Saúde ucraniano havia confirmado 352 mortes desde o início do conflito, sem informar quantos eram civis e quantos eram militares. Já o número de civis feridos era de 2.040, 45 deles crianças, segundo a mesma fonte.
Moscou admitiu, pela primeira vez nesta segunda-feira, haver baixas russas no conflito, sem especificar a quantidade. A Ucrânia, por sua vez, diz que mais de 4,5 mil soldados russos morreram no conflito. O número de refugiados fugindo da Ucrânia passa de meio milhão, segundo a ONU.
Tribunal de Haia vai investigar Rússia
O Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, órgão de Justiça das Nações Unidas (ONU), comunicou que deve abrir, com urgência, investigação sobre o conflito na Ucrânia. Com isso, o presidente russo, Vladimir Putin, pode ser investigado por crimes de guerra e crimes contra a humanidade em território ucraniano.
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Karim Khan, advogado britânico e procurador do TPI, declarou que está “convencido de que há uma base razoável para acreditar que tanto os supostos crimes de guerra quanto os crimes contra a humanidade foram cometidos na Ucrânia”.
“Dada a expansão do conflito nos últimos dias, é minha intenção que esta investigação também abranja quaisquer novos supostos crimes que se enquadrem na jurisdição do meu Gabinete que sejam cometidos por qualquer parte do conflito em qualquer parte do território da Ucrânia”, disse o procurador.
A Ucrânia, assim como a Rússia, não faz parte do Tribunal de Haia, o que impede o país de apresentar queixas à corte internacional. O governo de Zelensky, no entanto, permitiu a jurisdição do TPI sobre seu território.
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Ucrânia pede para entrar na União Europeia
Nesta segunda-feira (28), a Ucrânia assinou o pedido para entrar na União Europeia, segundo informou o parlamento do país, por meio do Twitter. O presidente Zelensky já havia pedido para o país integrar o bloco. “O nosso objetivo é estarmos junto com todos os europeus e, mais importante, estarmos em pé de igualdade", declarou o líder ucraniano.
President @ZelenskyyUa has signed application for the membership of #Ukraine in the European Union.
— Verkhovna Rada of Ukraine (@ua_parliament) February 28, 2022
This is a historic moment! pic.twitter.com/rmzdgIwArc
O pedido deverá ser analisado pela Comissão Europeia, que terá que emitir uma recomendação oficial. A decisão ficaria a cargo dos estados-membros. Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, garantiu que “o debate ocorrerá”. Já o porta-voz da Comissão, Eric Mamer, foi mais cauteloso e afirmou que há “um procedimento a respeitar”.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, comentou que a entrada da Ucrânia no bloco "não é um assunto na agenda" e salientou que o processo demoraria cerca de dois anos. "Nós temos de dar uma resposta em relação às próximas horas. Não para os próximos anos, mas para as próximas horas", afirmou, referindo-se à entrega de armas à Ucrânia.
Exercício nuclear norte-americano
Um submarino nuclear dos Estados Unidos realizou manobras militares de defesa tática no litoral da Colômbia. O exercício foi feito em conjunto com o país sul-americano e contou com 600 homens e mulheres das duas nacionalidades.
As manobras aconteceram um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, colocar as forças nucleares do país em alerta, depois do início da ofensiva contra a Ucrânia.
Duas fragatas e um submarino colombianos participaram da ação ao lado de um navio de guerra e do submarino nuclear norte-americano.
Rússia fora da Copa do Mundo
A Rússia foi proibida pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) de disputar as eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar, como represália pela ofensiva sobre a Ucrânia. Com isso, o país ficará de fora do mundial. A decisão, também referendada pela União das Associações Europeias de Futebol (Uefa), atinge todas as seleções russas, inclusive as de base, além dos clubes do país. O Spartak Moscou foi eliminado da Liga Europa.
A Federação de Futebol da Rússia (RFU) criticou a medida. “Acreditamos que essa decisão vai contra as normas e princípios das competições internacionais, assim como contra o espírito do esporte. Ela tem óbvio caráter discriminatório e prejudica um largo número de atletas, técnicos, funcionários, clubes e seleções e, mais importante, milhões de russos e torcedores estrangeiros”, declarou a Federação.
Ucrânia abre fronteiras para voluntários na guerra
Entra em vigor nesta terça-feira (1º) o decreto do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que suspende temporariamente a necessidade de vistos para estrangeiros entrarem no país. A condição é que os interessados juntem-se ao exército do país e lutem contra as tropas russas.
Edição: Rebeca Cavalcante