Energia

Após Putin reconhecer separatistas, Alemanha suspende certificação de gasoduto russo

Olaf Scholz pediu a paralisação da revisão do acordo Nord Stream 2

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O chanceler alemão defendeu esforços diplomáticos "para evitar uma catástrofe" - AFP

O governo da Alemanha anunciou a suspensão do acordo para a implementação do gasoduto russo Nord Stream 2 nesta terça-feira (22/02). A estrutura passa pelo território alemão até Berlim, capital do país, e dobraria o fornecimento de gás para a Europa.

Segundo o chanceler alemão Olaf Scholz, seu governo pediu que as autoridades de regulamentação suspendam o processo de revisão do acordo firmado na metade do ano passado pela ex-líder da Alemanha Angela Merkel.

"Parece algo técnico, mas é uma passagem administrativa necessária. Sem ele, não pode haver nenhuma certificação do gasoduto e, sem a certificação, o Nord Stream 2 não pode entrar em operação", disse Scholz em coletiva.

No entanto, o governo Scholz já havia ressaltado que poderia suspender a parceria em caso de uma nova ação russa à Ucrânia. Com o reconhecimento do presidente Vladimir Putin de Lugansk e Donetsk, regiões separatistas localizadas no território ucraniano, nesta segunda-feira (21/02), os alemães cumpriram com a medida.

Apesar da Alemanha sempre ter defendido a implementação do gasoduto, a estrutura foi alvo de críticas dos Estados Unidos e de alguns países ocidentais que chamavam o Nord Stream 2 de arma política, falas que foram rechaçadas pelos russos.

Scholz ainda pediu que esforços diplomáticos sejam realizados nesse momento "para evitar uma catástrofe" no país.

:: Gás da Rússia vira instrumento geopolítico na crise ucraniana ::

Putin reconhece repúblicas separatistas no Donbass 

Putin reconheceu nesta segunda a independência das duas regiões separatistas localizadas no território ucraniano. 

Em discurso de quase uma hora transmitido em rede nacional, o presidente da Rússia destacou que a Ucrânia “não é somente um país vizinho”, mas também “uma parte importante de nossa história” e que os princípios da “livre confederação dos povos” estabelecidos durante a existência da União das Repúblicas Soviéticas foram um “erro” que fez com que a região do Donbass, onde ficam os separatistas, fosse “literalmente espremida”.

A decisão do presidente russo amplia ainda mais a tensão entre Moscou e Kiev, principalmente na região fronteiriça onde estão localizados as cidades de Donetsk e Lugansk. Na última semana, autoridades da região acusaram o governo ucraniano de preparar uma ofensiva contra os separatistas e ordenaram a evacuação de civis para o território russo.  

O presidente voltou a declarar que a adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é uma ameaça à seguridade euroatlântica, dizendo que seu país foi enganado pela aliança militar, já que nos anos 1990 havia um combinado de que a Otan não iria se expandir para o leste europeu. 

Tropas russas para no leste da Ucrânia

Ainda na segunda, Putin anunciou o envio de tropas para a região leste da Ucrânia. O líder russo ordenou o Ministério da Defesa da Rússia a enviar forças armadas "para garantir a paz e segurança" em Donbass, a pedido dos líderes das duas províncias.

A movimentação foi autorizada por Putin no momento em que assinou o decreto de reconhecimento, informaram as agências russas Tass e Interfax.

(*) Com Ansa