Em Petrópolis (RJ), moradores pagam até hoje um imposto da época colonial. O laudêmio (do latim "laudare", premiar), também conhecido como "imposto do príncipe", é uma taxa de 2,5% sobre o preço de imóveis localizados no centro da cidade e que não retorna em nenhum tipo de investimento para a população da cidade.
O valor é recolhido pela Companhia Imobiliária de Petrópolis, administrada por herdeiros da família de Dom Pedro II, e tem recebido duras críticas nas redes sociais diante da tragédia causada pelas chuvas desde a última terça-feira (15). A cidade enfrenta situação de calamidade pública e contabiliza mais de 120 mortes, segundo o Corpo de Bombeiros.
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Em nota de pesar pelas mortes na cidade, a "Família Imperial" ofereceu orações. "Quero manifestar nossa profunda consternação com os terríveis danos causados pelas fortes chuvas em Petrópolis. A Família Imperial encontra-se sempre disposta a servir ao seu povo oferecendo ainda nossas orações e solidariedade a todos que vêm sofrendo", diz o texto assinado pelo príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança.
Mensagem a respeito das chuvas em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro. pic.twitter.com/oMROem6PLA
— Dom Bertrand de Orleans e Bragança (@SAIRDomBertrand) February 16, 2022
Uma reportagem na BBC Brasil de 2014 aponta que as receitas provenientes do laudêmio totalizavam R$ 4 milhões por ano em Petrópolis. O deputado federal Paulo Pimenta (PT) questionou a arrecadação. "Enquanto a família real arrecada milhões através do imposto laudêmio, oferece orações para Petrópolis agora que a cidade está destruída pelas chuvas. Para a corte, o lucro sempre veio antes do povo!", escreveu no Twitter.
A deputada estadual Mônica Francisco (PSOL) também reagiu nas redes sociais. "Herdeiros da família real levam 2,5% do valor da venda de imóveis e terrenos até hoje, apesar do Brasil ser uma República desde 1889. Por que não abrem mão do laudêmio em prol de um projeto de habitação?". Na Câmara dos Deputados, um projeto de lei do deputado federal Rogério Correia (PT) pretende acabar com a cobrança.
Edição: Clívia Mesquita