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Polícia Federal diz que Moro mente, e políticos ironizam: "Descobriu tarde demais"

Comunicado da PF demonstra um possível "aparelhamento" da instituição por Bolsonaro, avalia o deputado Nilton Tatto (PT)

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Moro comandou a Polícia Federal enquanto esteve à frente do Ministério da Justiça do governo Bolsonaro - Isaac Amorim/MJSP

A Polícia Federal foi ironizada nesta quarta-feira (16), nas redes sociais, por ter publicado uma nota rebatendo declarações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro feitas no programa "Pânico", da rádio Jovem Pan.

Em comunicado publicado na noite desta terça (15), a PF diz que "Moro mente quando diz que 'hoje não tem ninguém no Brasil sendo investigado e preso por grande corrupção". Em apoio à polícia, bolsonaristas repercutiram o comunicado nas redes sociais com a hashtag #MoroMentiu.

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Em reação, líderes da oposição ironizaram a corporação, destacando o papel exercido pela PF na Operação Lava Jato. "Que Moro mentiu, todo mundo sabe há muito tempo. Porém, só agora a Policia Federal diz isso", escreveu o deputado federal Nilton Tatto (PT-SP), em referência ao fato de Moro e Bolsonaro antes serem aliados políticos.

O congressista também destacou o teor político-eleitoral da nota, já que o comunicado rebate declarações de um pré-candidato com quem o presidente Jair Bolsonaro (PL) disputa votos do eleitorado da direita. Para o petista, a nota da PF demonstra um possível "aparelhamento" da instituição pelo chefe do Executivo.

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"Seria essa mais uma demonstração clara de aparelhamento da PF para servir aos interesses do ex-tenente? Bolsonaro tem Moro como concorrente capaz de lhe tirar uma fatia importante de votos", escreveu Tatto.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também se manifestou sobre o caso: "O Moro mentiu e não foi só agora no programa em que a PF denunciou. A condução da Lava Jato com objetivos nada nobres nos colocou nesta situação".

Na nota, a PF disse que "o ex-ministro não aponta qual fato ou crime tenha conhecimento e que a PF estaria se omitindo a investigar. Tampouco qual inquérito policial em andamento tenha sido alvo de ingerência política ou da administração".

Moro criticou o afastamento de superintendentes que, na avaliação do ex-juiz, foram retirados das funções por estar "fazendo o trabalho deles". A PF chamou a afirmação de Moro de "ilação".

Leia a íntegra da nota da Polícia Federal

Em entrevista na segunda-feira (14/02) à Jovem Pan, o ex-ministro Sergio Moro fez descabidos ataques à Polícia Federal. A bem da verdade, consideramos importante esclarecer:

Moro mente quando diz que "hoje não tem ninguém no Brasil sendo investigado e preso por grande corrupção". A Polícia Federal efetuou mais de mil prisões, apenas por crimes de corrupção, nos últimos três anos.

Neste mesmo período, a PF realizou 1.728 operações contra esse tipo de crime. Somente em 2020, foram deflagradas 654 ações - maior índice dos últimos quatro anos.

Moro também faz ilações ao afirmar que “esse é o resultado de quantos superintendentes eles afastaram e que estavam fazendo o trabalho deles”.

O ex-ministro não aponta qual fato ou crime tenha conhecimento e que a PF estaria se omitindo a investigar. Tampouco qual inquérito policial em andamento tenha sido alvo de ingerência política ou da administração.

Vale ressaltar que a Polícia Federal vai muito além da repressão aos crimes de corrupção. Em 2021, bateu recorde de operações. No total, foram quase dez mil ações, aumento de 34% em relação ao ano anterior.

O ex-juiz confunde, de forma deliberada, as funções da PF. O papel da corporação não é produzir espetáculos. O dever da Polícia é conduzir investigações, desconectadas de interesses político-partidários.

Moro desconhece a Polícia Federal e negou conhecê-la quando teve a chance. Enquanto Ministro da Justiça não participou dos principais debates que envolviam assuntos de interesse da PF e de seus servidores.

Com o intuito de preservar a imagem de umas das mais respeitadas e confiáveis instituições brasileiras, a Polícia Federal repudia a afirmação feita pelo pré-candidato Moro de que a corporação não tem autonomia.

Por fim, a PF - instituição de Estado - mantém-se firme no combate ao crime organizado, à corrupção e não deve ser usada como trampolim para projetos eleitorais.

Edição: Rodrigo Durão Coelho