A previsão do tempo em Minas Gerais segue de chuva até o fim do mês de fevereiro. E em Betim, Brumadinho, Sarzedo, e em várias outras cidades banhadas pelo Rio Paraopeba, o céu escuro é sinal de alerta e vigília. As famílias têm perdido noites de sono com medo das enchentes. Mesmo passados três anos do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da Vale, os impactos do crime seguem atingindo a população.
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Nas chuvas registradas em janeiro deste ano, dezenas de famílias tiveram suas casas inundadas pelas cheias do Paraopeba e junto com a água veio também a lama tóxica de rejeitos que estava assoreada no fundo do rio. Na última sexta (11), as famílias da Rua da Pedreira, em Betim, já se preparavam para o pior. Com o aumento do nível do rio e a previsão de chuva para o fim de semana, os moradores transferiram seus móveis e pertences para a casa de vizinhos.
José Geraldo, da coordenação estadual do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), denuncia que, além das perdas materiais causadas pelas enchentes de rejeitos, a saúde dos atingidos também está em risco. Ele explica que após os temporais o número de solicitações para o fornecimento de água potável para as famílias saltou de 621 para 2 mil pedidos.
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“Essa lama vai secar e virar uma poeira tóxica que vai afetar a saúde do povo. Enquanto isso, a Vale segue afirmando que todas as reparações pelo crime já foram sanadas com o acordo”, critica. “A situação só mostra que o acordo foi insuficiente para reparar os prejuízos que vão seguir ao longo dos anos. Outros danos vão aparecer ou se agravar” completa José Geraldo.
Lama tóxica
Um estudo realizado em 2020 pela ONG “SOS Mata Atlântica” demonstrou a presença de metais pesados em alta quantidade nas águas contaminadas do rio Paraopeba. Foi encontrado uma quantidade de cobre 44 vezes mais alta que o permitido, de manganês 14 vezes acima do permitido e de ferro 15 vezes acima do tolerado.
Moradores relatam que algumas pessoas já apresentam manchas na pele, após o contato com a água e a lama contaminadas. “A gente sente dor de cabeça, vontade de vomitar, a pele fica irritada, com coceira. Quando não era contaminado, a gente não enfrentava esse problema”, explica Márcia de Medeiros Faria, ribeirinha e moradora de Brumadinho.
Para auxiliar os moradores, caso as chuvas se agravem, a Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas), uma das assessorias técnicas independentes que acompanham os atingidos, organizou um balanço da previsão do tempo, com orientações da Defesa Civil em alguns distritos como Brumadinho, Betim, São Joaquim de Bicas, Juatuba e Igarapé. Para conferir o documento completo e orientações da assessoria clique aqui.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Larissa Costa