Rio Grande do Sul

MEIO AMBIENTE

Documentário denuncia impactos ambientais da Havan em Canoas (RS); assista

Chegada da rede abriu caminho para o desmatamento de área verde na cidade; Cassol Centerlar tem obras em andamento

Área do município da Região Metropolitana de Porto Alegre onde será instalada a nova loja da rede varejista Havan - Foto: Valentina Bressan/Fabico/UFRGS

Era julho de 2021, quando estudantes de Jornalismo da Fabico/UFRGS denunciavam irregularidades ambientais na chegada de uma nova loja da rede varejista Havan à Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS). Pouco mais de meio ano depois, a prefeitura anunciou, em janeiro, a chegada de mais três projetos – uma Cassol Centerlar (com obras já em andamento), um Fort Atacadista e um espaço ambiental. Mas por que ambientalistas questionam o empreendimento? É o que revela o documentário que o Humanista publica nesta segunda-feira (14).

A obra audiovisual é fruto de reportagem produzida pelos estudantes, sob a orientação do professor Marcelo Träsel, também presidente da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), que foi publicada pelo Grupo Matinal e venceu o 13º Prêmio Jovem Jornalista, do Instituto Vladimir Herzog. São detalhes que mostram como a prefeitura de Canoas omitiu dados para dar continuidade ao projeto, causando o desmatamento da última grande área verde da cidade, e sob o risco de extinção local de uma espécie de lagostim. São quase 100 hectares, com cinco nascentes classificadas como Áreas de Preservação Permanente (APPs) e rica em biodiversidade. Assista o documentário!

 

Ambientalistas contrários ao empreendimento não têm dúvidas: a instalação da Havan em Canoas abre caminho para a destruição da última grande área verde na região central. E é o que começa a se concretizar, com as obras da Cassol Centerlar. O Humanista contatou a prefeitura, que não respondeu aos questionamentos, alegando que o secretário de Meio Ambiente, Paulo Ritter, estava de férias, e também não disponibilizou os documentos da licença ambiental da Cassol.

Canoenses se dizem chocados

O professor de matemática Rafael Dutra Ferrugem, 24 anos, lamenta que a situação esteja fora do controle e traga consequências irreparáveis. “O desmatamento que a Havan causou já foi bizarro de muitas formas. Parece que estavam com pressa para construir algo que ainda nem tiraram do papel”, reclama, em entrevista ao Humanista. “Por conta disso, não vejo a lógica da Cassol se instaurar em um lugar diferente do que já está preparado [o da Havan]. Com certeza eles não vão retribuir o impacto ambiental que vão causar com reflorestamento ou outras medidas ambientais para tentar amenizar a situação.”

Já o estudante de logística Jorge Viana, 26 anos, também não está satisfeito com os projetos da prefeitura. Ele acredita que apesar da situação econômica agravada pela pandemia, a área verde ainda precisa ser preservada, uma vez que é o último suspiro verde da cidade. “Em Canoas não existe nada parecido [a essa área verde] e já vão destruir, é horrível para preservação”, diz o estudante. “Claro que a gente está em uma época bem complicada e na cidade tem muito desemprego, mas acredito que existam outros lugares para gerar emprego, temos uma grande área em toda a cidade.”

Edição: Humanista/Fabico/UFRGS