Desrespeito

Sérgio Camargo: Moïse foi "vagabundo morto por vagabundos mais fortes"

Presidente da Fundação Palmares publica insultos e atribui brutal assassinato do congolês a “briga de quadrilhas”

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Manifestantes cobram por justiça para Moïse Kabagambe, congolês assassinado no Rio de Janeiro - Emilly Firmino / São Paulo

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, afirmou na sexta-feira (11), pelo Twitter, que o imigrante congolês Moïse Mugenyi Kabagambe foi o culpado pela própria morte bárbara, por espancamento, em 24 de janeiro. Conhecido por suas declarações e insultos contra os próprios negros, ele chamou o refugiado de “vagabundo”. Disse ainda que seus assassinos são “pretos e pardos selvagens”.

Na sequência de postagens, o presidente da Fundação Palmares, afirma que Moïse que o crime foi motivado por uma “briga de quadrilhas” e que o congolês foi “um vagabundo morto por vagabundos mais fortes”.

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Camargo ignorou que o africano prestava serviço para um quiosque devidamente legalizado e com alvará de funcionamento da prefeitura do Rio, mas disse que Moïse “andava e negociava com pessoas que não prestam”.

 

No mesmo tuíte, ignorando as condições sub-humanas a que são submetidos os refugiados, especialmente os congoleses, no país, Camargo disse que “foram determinantes (para o assassinato brutal) o modo de vida indigno e o contexto de selvageria no qual (Moïse) vivia e transitava.”

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Processo

Em seguida às declarações “estarrecedoras, o advogado Rodrigo Mondego, procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), anunciou “medidas legais” contra Camargo.

“Esse vagabundo vai responder por essa mentira absurda que está falando. A família do Moïse está estarrecida com essa fala criminosa desse sujeito. Já estamos estudando as medidas cabíveis”, postou o procurador, também no Twitter.