A morte de um jovem durante uma ação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) na tarde da última quinta-feira (10) no Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, motivou um protesto de moradores contra o projeto de ocupação “Cidade Integrada”.
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Segundo a polícia, João Carlos Lourenço, de 23 anos, era o João do Jaca e tinha passagens criminais como tráfico de drogas, associação para o tráfico e porte ilegal de arma. Ele foi levado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Ainda de acordo com a polícia, foi apreendida uma pistola Glock calibre 40, com kit rajada.
Ao jornal "Voz das Comunidades", a mãe do jovem contou que por volta das 17h a polícia invadiu sua casa, onde também estava seu filho autista. Após a operação, moradores interditaram parcialmente a Av. Dom Hélder Câmara com pedidos de justiça e críticas ao projeto "Cidade Integrada", do governo do Rio.
"A polícia entrou na minha casa sem permissão e subiu na minha laje. Falei 'calma, meu filho de 6 anos é autista'. Me empurraram no chão, apontaram a arma na minha cara. E agora que meu filho se foi? Ele estava sem nada, sem arma. Me esculacharam, eu moro aqui há 48 anos. Sou cria da comunidade. Ninguém faz nada por nós", relatou a mãe em transmissão ao vivo do protesto.
Outra moradora, de 21 anos, desabafou sobre a violência policial cotidiana na comunidade: "Todo mundo que denuncia não tem voz, não tem resposta do governo. Só sabem chegar com polícia aqui dentro. Eles tacam bomba em cima da gente, entram dentro da casa dos moradores e roubam tudo", disse.
A Polícia Militar informou que o policiamento ostensivo segue na comunidade. Na comunidade Vila Cruzeiro, na Penha, a manhã desta sexta (11) também foi marcada por uma operação que deixou ao menos oito mortos, a mais letal deste ano.
Edição: Clívia Mesquita