CIÊNCIA NACIONAL

Pesquisadora da Fiocruz é novamente indicada para comitê de especialistas da OMS

Margareth Dalcolmo, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), é crítica da gestão de Bolsonaro ante a pandemia

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"São pessoas de muita qualificação e me sinto extremamente honrada com o convite para mais um mandato", disse Margareth Dalcolmo sobre sua recondução a comitê da OMS - Sopterj

A pesquisadora Margareth Dalcolmo, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi novamente indicada para a lista de peritos da Organização Mundial da Saúde (OMS). A informação foi divulgada nesta terça-feira (8) pela Fiocruz, por meio de sua assessoria de imprensa. Ela é a única brasileira a fazer parte do seleto grupo, que reúne 18 cientistas de diferentes países. Cabe ao Comitê de Especialistas, entre outras finalidades, avaliar os fármacos que formam a chamada Lista de Medicamentos Essenciais.

A brasileira já integra o Comitê desde 2015. Seu novo mandato vai até 2026. Margareth, além de ter grande expertise e destaque na área de pneumologia, ganhou destaque na mídia durante a pandemia de covid-19. Crítica ao governo de Jair Bolsonaro, a cientista chegou a chorar durante um discurso ao apontar a má gestão da pandemia e o negacionismo envolto no governo.

Contra o negacionismo

Na ocasião, em janeiro de 2021, o Brasil entrava no pior momento da pandemia. Enquanto o mundo já fechava contratos de vacinas, o governo apostava em medicamentos comprovadamente ineficazes, como a cloroquina e a ivermectina. Como apontado na CPI da Covid, Bolsonaro prevaricou na aquisição de vacinas. A CPI ainda conseguiu frear um esquema de corrupção envolvendo a compra de imunizantes superfaturados da Covaxin.

“Eu lhes digo: não há nada neste momento que justifique, a não ser a desídia absoluta, a incompetência diplomática do Brasil, que não permita que cada um dos senhores aqui presentes, as suas famílias e aqueles que vocês amam estejam amanhã ou nos próximos meses, de acordo com o cronograma elaborado, recebendo a única solução que há para uma doença como a covid-19”, disse em 19 de janeiro, ao ser laureada com o Prêmio São Sebastião, homenagem oferecida pela Arquidiocese do Rio de Janeiro.

O trabalho

A Fiocruz explica, sobre o trabalho de Margareth no Comitê da Fiocruz, que “os medicamentos essenciais são aqueles que atendem às necessidades prioritárias de saúde da população. Destinam-se a estar sempre disponíveis no contexto de funcionamento dos sistemas de saúde, em quantidades adequadas, nas formas farmacêuticas adequadas, de qualidade assegurada e a preços que os indivíduos e a comunidade possam pagar”.

Margareth comemorou sua recondução ao posto. “Esse Grupo tem a responsabilidade de se reunir para aprovar as submissões de fármacos ou produtos para serem incorporados à Lista da OMS. São pessoas de muita qualificação e me sinto extremamente honrada com o convite para mais um mandato.”