REPERCUSSÃO

Congresso adia novamente análise de veto sobre absorventes femininos, e internet reage

Tesoura de Bolsonaro no PL deverá ser avaliada somente em 16 de março devido à rejeição do governo ao tema

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |

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Vetado por Bolsonaro, PL 14.214/21 prevê distribuição gratuita de absorventes para alunas de baixa renda e mulheres em situação de rua - Elias Costa/Unicef

Parlamentares e internautas reagiram ao adiamento da votação do veto de Jair Bolsonaro à proposta que prevê distribuição gratuita de absorventes femininos para mulheres em situação vulnerável.

A pauta está na gaveta do Congresso Nacional desde outubro do ano passado e seria avaliada nesta terça-feira (8), mas a dificuldade de se produzir um acordo sobre o tema jogou o assunto para a provável data de 16 de março.

A previsão foi dada pelo líder do governo Bolsonaro no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO). "O governo ainda não deliberou porque o veto está feito por motivo jurídico, financeiro, por previsão de receita. O governo entende que, no momento adequado, vai se posicionar sobre o assunto”, disse o emedebista, ao sinalizar para março.

A medida tramita como Projeto de Lei (PL) 14.214/21, de autoria da deputada Marília Arraes (PT-PE). “Certo de que seria derrotado, mais uma vez, o governo Bolsonaro agiu para impedir que o veto ao nosso projeto de distribuição gratuita de absorventes fosse colocado em pauta, hoje, no Congresso. As meninas e mulheres do Brasil merecem respeito”, bradou a parlamentar, via Twitter.

 

 

O discurso da gestão Bolsonaro em relação ao tema continua sendo alvejado por deputados e senadores de oposição que tentam derrubar o veto do presidente. “Mulheres e meninas pobres devem ter o direito aos itens básicos de higiene. Um presidente que gasta milhões no cartão corporativo não pode falar em falta de orçamento”, argumenta, por exemplo, a deputada Erika Kokay (PT-DF).

 

Outros oposicionistas, como é o caso da bancada de parlamentares do Psol, prometeram seguir em vigília para emplacar a pauta no Legislativo. “Nossa luta está longe de acabar. Seguiremos pressionando”, destacou a legenda, também em postagem na rede.

 

 

A deputada Tábata Amaral (PSB-SP) esteve entre as que reagiram à não apreciação do veto. “É revoltante como pautas importantes simplesmente não são priorizadas por quem deveria representar nossa população. Que fique claro: não vamos desistir. A cada empecilho nos tornamos mais fortes”.

 

O adiamento da votação tem sido ostensivamente criticado nas redes sociais, especialmente por parte de mulheres, mas atores políticos homens também se alinharam à batalha pela aprovação do PL.

 

O deputado petista Ênio Verri (PR), por exemplo, afirmou nesta terça que “a derrubada do veto é necessária”. Ele também lembrou que, “segundo a ONU, no Brasil, uma entre quatro estudantes já deixou de ir à escola por não ter absorventes”.

O veto presidencial

Quando barrou parte do projeto, em outubro, Bolsonaro sancionou apenas a criação do Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, um dos pontos do PL e que foi convertido na Lei Federal nº 14.214.  

Por ter vetado a previsão de distribuição gratuita de absorventes, que era o principal ponto da proposta, o presidente praticamente esvaziou o texto da medida, instaurando mais um conflito com membros da oposição e outros defensores do PL.

O projeto previa a distribuição do produto a alunas de baixa renda e mulheres em situação de rua como forma de combater a chamada “pobreza menstrual”, tema que ganhou mais evidência durante a crise sanitária gerada pela pandemia.

Edição: Rodrigo Durão Coelho