Entrevista

Vírus circulará por muito tempo, e teremos casos graves entre não vacinados, diz infectologista

Para médico Marcelo Ducroquet, governos devem investir em campanhas para convencer não vacinados a se vacinarem

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
"É preciso intensificar campanhas de conscientização sobre a vacina", afirma médico infectologista - Foto: Arquivo pessoal

Janeiro de 2022 trouxe más notícias para quem acreditava que o fim da pandemia estava perto. O avanço da variante ômicron no Brasil, com maior transmissibilidade, aumentou drasticamente o número de pessoas com covid-19.

Para entender este momento, o Brasil de Fato Paraná entrevistou o médico infectologista e professor da Universidade Positivo, Marcelo Ducroquet.

Para ele, com o avanço da vacinação, o vírus logo se tornará endêmico e os protocolos sanitários, como distanciamento social e uso de máscara, poderão chegar ao fim. Porém, ele faz uma alerta: os casos graves permanecerão acontecendo entre os não vacinados.

Confira a entrevista:

Brasil de Fato Paraná: Como você tem acompanhado a alta de casos de contaminação pela ômicron, nova variante do coronavírus?

Inicialmente, estes números mostram que realmente a ômicron tem sido dominante no Brasil no que chamamos de escape imunológico. Quer dizer, portanto, que ainda a vacina não tem sido eficaz para infecções e transmissões, mas tem sido importantíssima para impedir casos graves como vistos antes e mortes, tendo em vista o número baixo de óbitos neste momento.

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Dá uma ideia do que teria sido a pandemia lá atrás, se não tivessem estabelecido medidas rígidas de isolamento social. Teria sido muito mais grave do que foi.

Alguns especialistas têm se arriscado a dizer que este pico da pandemia e com o avanço da vacinação estaremos chegando ao fim da pandemia. Qual sua análise sobre esta afirmativa?

É muito difícil falar no fim da pandemia. Dá para falar que estamos chegando perto do fim de medidas mais rígidas de isolamento e da situação de exceção nos hospitais.

O que estamos vendo também é o fim de casos graves. Mas o coronavírus está caminhando para se tornar um vírus endêmico. Ou seja, estará com a gente por muito tempo. E os não vacinados, seja porque não quiseram vacinar ou por alguma contraindicação, vão continuar sofrendo com manifestações graves.

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Neste momento, o que os governos deveriam fazer para frear a alta disseminação do vírus?

A vacinação é a medida mais eficaz. A gente não tem mais condições de voltar a medidas rígidas de isolamento social para proteger uma minoria que já se vacinou, até por conta da economia, entre outros fatores. Acho injusto neste momento governos terem que decretar isolamento novamente porque temos aí 30% a 20% de não vacinados.

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Então, o que é preciso fazer é intensificar campanhas de conscientização sobre a vacina, é convencer estas pessoas a se vacinarem. A médio prazo, o que é preciso atingir é o contato de grande parte da população com o vírus e a forma mais segura é pelo antígeno da vacina.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Rebeca Cavalcante, Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini